Peixada da Leidinha é poesia servida em Jéquia da Praia

Um passeio pelo Rio Gelado é mais que aventura: é encontro com a natureza, com a cultura de um povo e com os sabores que só Alagoas sabe entregar. E tudo começa assim, com um barquinho riscando a Lagoa de Jequiá, deslizando manso onde nem o sol se atreve a chegar. Do outro lado, a promessa: um almoço tradicional na vila de pescador, onde a família de Alyson do Nascimento Cardoso transforma o dia comum num pedacinho do paraíso — com apoio do Sebrae, já sonham alto: transformar a casa em restaurante. E que lugar! Que comida!

^{Lagoa de Jequiá em Alagoas}

Um pirão de leite de coco com peixe e camarão é clássico da mesa alagoana, mas o de Leidinha… ah, o dela é vida. É de lamber os beiços e guardar na memória como um afeto. Tudo fresco, do jeito certo: peixe da lagoa, camarão pescado de covo, leite de coco natural ralado na hora. É comida com alma. É raiz, história, sustento.

^{Pirão, camarão e carapeba}

Agora misture essa comida com a dádiva do Rio Gelado, onde tudo começa num barco que corta a lagoa como poesia. A travessia abre caminhos entre as águas calmas, e depois de poucos passos pela mata, o convite é se entregar ao doce embalo da correnteza. A terapia mais alagoana que você vai viver.

^{Família de Eco Boat Lagoa de Jequiá}
O Eco Boat Lagoa de Jequiá (@ecoboat_lagoadejequia), conduzido pela família Alyson, é mais que passeio: é turismo comunitário com propósito, acolhimento e conhecimento. Alyson, filho de pescador que virou biólogo, nasceu nas águas doces de Jequiá. Conhece cada canto do rio como quem lê a palma da mão. Na aula sobre pesca artesanal é reverenciada como deve ser: um saber passado de geração a geração, feito de redes, covos e muita sabedoria.

^{Aula sobre covo}
E o covo, aliás, é uma aula à parte. Armadilha feita de folhas de palmira ou dendê, com estrutura de palmeira, é arte de pesca que atrai camarão com iscas de coco e macaxeira. Tudo respeitando o tempo da natureza, que devolve em forma de fartura: camarão graúdo, que ganha vida nova no tempero da Leidinha.

^{A trilha da lagoa de Jequiá}
Mas antes do prato, a trilha. O passeio de barco leva até a parada com direito a trilha na mata atlântica revela árvores centenárias — Pau Brasil, Sumaúma, Angelim Pedra, Vitória Régia — e um telhado verde onde o sol só entra se for convidado. É sombra fresca, é vida pulsando. É bicho, é folha, é raiz. Alyson conta dos pássaros, saguins ariranhas, capivaras … E a gente ouve com olhos brilhando.

^{Trilha do pau brasil}
Depois, vem o momento mais esperado: a flutuação no Rio Gelado. Deitamos em boias transparentes com chita colorida, como colchões nordestinos, e deixamos a vida levar, e aí é que nem a canção de Zeca Pagodinho: “deixa a vida me levar/ vida leva eu/ sou feliz e agradeço. Celulares guardados, cabeça leve. A correnteza cuida do resto. Uma paz tão profunda que só as águas doces e geladas sabem entregar.

^{Flutuando lagoa de Jequiá}
Na volta, mergulho na infância com trampolim feito de tronco seco e banho quente de lagoa. Quem se jogou foi o professor Thawã Calixto, a jornalista Bia da TV Pajuçara e até o jornalista mineiro da Folha de São Paulo, Zeca Camargo — memória viva e riso solto de voltar a ser criança das águas, feito peixinho.

^{Aventura ao sabor da Lagoa de Jequiá}
O grande final é a comida da Leidinha com auxilio luxuoso da famila: Alessandra (filha)e Joelma (nora)— três gerações de amor à panela. O pirão é xodó da casa. “Tem ciência ali”, diz Alyson. Nem água quente, nem fria. Fogo baixo, farinha mexida com paciência até dar ponto. Finaliza com sal e limão, e o segredo: o peixe da Lagoa de Jequiá. Sem ele, nada é igual.
Com apoio do Sebrae, a família já está de olho no futuro: ficha técnica, boas práticas, precificação, logomarca… A comida que emociona merece estrutura para receber mais gente de todo canto do mundo, afinal, Alagoas não é brincadeira.

^{Tradições da Leidinha}
“O Sebrae está comigo desde o começo, ajudando a planejar e a transformar meu sonho em negócio. No início não foi fácil — era só vontade e nenhum dinheiro. Mas a gente tinha o barco, ganhamos as boias e contamos com o maior presente: a mãe natureza, que nos dá o sustento. Por isso, protegemos essa reserva com todo o coração.”

“A Lagoa de Jequiá é o brinquedo que Deus nos deu”, diz Alyson. E é mesmo. Para embarcar nessa experiência, é só reunir pelo menos cinco amigos (ou ir só, se quiser bancar a exclusividade), escolher roupa leve, chapéu e partir. O passeio integra Alagoas ao mundo.

Rota: Eco Boat Lagoa de Jequiá (@ecoboat_lagoadejequia)

Preço: R$ 120,00 (por pessoa com almoço) – No minimo de 4 pessoas – Telefone: 82 99661-6441