OAB vai investigar advogado preso em operação contra esquema de tráfico internacional de drogas com uso de veleiros

Criminosos levavam cocaína aos continentes europeu e africano. Advogado preso no interior de SP dava as coordenadas ao velejador, segundo investigações da PF. Advogado Leandro Cordasso, preso em operação da PF
Reprodução/ Fantástico
A Ordem de Advogados do Brasil (OAB) informou que vai investigar o advogado Leandro Ricardo Cordasso, preso no dia 29 de abril em uma operação da Polícia Federal (PF) contra um esquema de tráfico internacional de drogas com uso de veleiros.
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Segundo investigações reveladas pelo Fantástico, Cordasso contratou o velejador Flávio Fontes para realizar o transporte de cocaína no esquema. O advogado era quem passava as coordenadas para a entregada da droga. Foram rastreadas 179 ligações entre os dois durante duas viagens, de acordo com a polícia.
À Justiça dos Estados Unidos, Fontes afirmou que foi Cordasso quem pagou pelo serviço três vezes. A polícia acredita que o advogado tenha ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Veja detalhes sobre a operação contra o esquema de tráfico internacional com uso de veleiros e barcos
Investigação pode levar a exclusão
Ao g1, a OAB informou desconhecia os fatos e não havia sido acionada até a veiculação das notícias sobre a prisão.
“A Secional paulista irá adotar as medidas de apuração cabíveis do caso junto ao seu Tribunal de Ética e Disciplina”, acrescentou.
O Tribunal de Ética e Disciplina é responsável por instaurar procedimentos disciplinares e julgar os inscritos nos quadros da OAB, aplicando, quando for o caso, penas previstas no Estatuto da Advocacia.
As penas podem ser censura, suspensão, multa e até a exclusão do profissional dos quadros da Ordem de Advogados.
O g1 não conseguiu contato com a defesa de Cordasso. Fontes está preso na Flórida, nos Estados Unidos, e não tem mais advogado, segundo apuração do Fantástico.
PF cumpre 35 mandados em operação contra tráfico internacional de drogas na região
Operação na região
Durante a operação, a PF cumpriu mandados de busca e de prisão temporária em Limeira e Iracemápolis (SP).
Em Iracemápolis, a Polícia Federal Cumpriu um mandado de busca e apreensão e outro de prisão temporária. Em Limeira, foram quatro mandados de busca e apreensão.
Cordasso foi um dos alvos da operação e foi preso em Iracemápolis. Segundo a PF, ele é responsável pela compra e venda de drogas, inclusive em países produtores dos entorpecentes.
Ao todo, 23 pessoas foram presas em diferentes cidades e estados na Operação Narco Vela. Além dos mandados de buscas e prisão, a Justiça Federal determinou a apreensão e bloqueio de bens no valor de R$ 1,32 bilhões.
Três prisões preventivas também são realizadas no exterior: Estados Unidos, Itália e Paraguai.
Veículo de luxo foi apreendido em Bertioga (SP) durante Operação Narco Vela, da PF
Polícia Federal
Como começou a operação?
A investigação se iniciou a partir de uma comunicação de apreensão de três toneladas de cocaína em um veleiro brasileiro em alto mar feita em fevereiro de 2023 pela Agência de Combate às Drogas (DEA) da Marinha dos Estados Unidos. A abordagem foi feita próximo ao continente africano pela Marinha Americana.
Segundo informações da Polícia Federal, outros carregamentos também foram interceptados em águas internacionais pela Guarda Civil Espanhola e Marinha Francesa.
PF faz operação em cinco estados e três países contra tráfico internacional de drogas com barcos e veleiros
Danilo Santos/g1
Traficantes recrutavam pescadores
A organização criminosa desarticulada pela Operação Narco Vela recrutava pescadores para transportar drogas até o alto-mar, onde os entorpecentes eram transferidos para outras embarcações com destino ao exterior, segundo o delegado federal Osvaldo Scalezi Júnior.
Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação ao tráfico e organização criminosa.
Guarda Civil Espanhola realizou apreensão em 2022 que contribuiu com investigação da PF para Operação Narco Vela
Guarda Civil Espanhola
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