Enteado que fugiu de cativeiro após atear fogo na casa quebra o silêncio: ‘Sobrevivente’

Kimberly Sullivan foi presa por manter enteado em cárcere privado

Madrasta foi presa por agressão, sequestro e prisão ilegal em Connecticut – Foto: Divulgação/WTNH News/ND

O homem de 32 anos, mantido em cativeiro pela madrasta desde os 11 anos, falou pela primeira vez desde que foi resgatado em 17 de fevereiro. O enteado ateou fogo na casa em Waterbury, Connecticut, Estados Unidos, para chamar atenção das autoridades e escapar da madrasta.

“Sou um sobrevivente de mais de 20 anos de confinamento e violência doméstica. Estive preso em minha casa desde que fui retirado da quarta série, aos 11 anos, até dois meses atrás”, declarou a vítima, identificada somente como “S”.

O pronunciamento foi divulgado na terça-feira (15) pelo porta-voz da organização “Survivor’s Day”. O homem mantido em cativeiro pela madrasta revelou que passará a se identificar por um novo nome.

“Este não é o nome que meus pais me deram quando nasci. Estou escolhendo um novo nome para mim, que vou usar enquanto recupero o controle sobre minha vida e meu futuro. Meu nome é minha escolha, e é a primeira de muitas escolhas que farei para mim agora que estou livre”, anunciou.

Casa onde homem foi mantido em cativeiro pela madrasta em Connecticut

Vítima passou 20 anos confinado em um cômodo da casa, sem acesso à alimentação e higiene adequada – Foto: Reprodução/ABC News/ND

Ele agradeceu aos profissionais de segurança e saúde que ofereceram apoio. Após o resgate, pôde celebrar o aniversário pela primeira vez: “Agradeço a chance de ter minha primeira festa de aniversário em comemoração aos 32 anos”.

Posição fetal e desnutrição: relembre o caso do homem mantido em cativeiro pela madrasta

O homem de 32 anos foi encontrado em posição fetal e extrema desnutrição, com apenas 31 kg e 1,75 metro de altura. Ele ateou fogo na própria casa na tentativa de escapar do cárcere privado, após 20 anos mantido em cativeiro pela madrasta.

A madrasta Kimberly Sullivan, de 56 anos, foi presa em 12 de março por agressão, sequestro e prisão ilegal. A investigação revelou que o enteado vivia trancado em um cômodo da casa, sem acesso a atendimento médico e submetido à fome severa. Ele foi encontrado sujo e com dentes deteriorados.

Enteado escapou da madrasta ao atear fogo na própria casa

O homem mantido em cativeiro pela madrasta Kimberly Sullivan ateou fogo na própria casa para ser resgatado  – Foto: Divulgação/Department of Emergency Services and Public Protection Connecticut/ND

Sullivan se declarou inocente e alega que o pai da vítima, que morreu um ano antes do incêndio, seria o responsável pelo crime. A mãe biológica perdeu a guarda quando ele ainda era criança.

O advogado da madrasta, Ioannis Kaloidis, rebateu as acusações em entrevista à CBS News: “Isso não é verdade de forma alguma. Ele não estava preso, não havia nenhum tipo de confinamento. Ela sempre forneceu comida e abrigo. Minha cliente está chocada com essas alegações”.

Defesa de Kimberly Sullivan nega as acusações do enteado, que teria sido mantido em cativeiro pela madrasta desde a infância – Foto: Jim Shannon/Pool via AP/NBC News/ND

Uma campanha do Centro de tratamento para vítimas de violência doméstica em Waterbury já arrecadou US$ 270 mil (cerca de R$ 1,5 milhões) para custear atendimento médico, odontológico e psicológico ao enteado, além de despesas com moradia e assistência jurídica.

“Peço que todos os envolvidos na minha história cooperem com as autoridades que estão me ajudando a buscar justiça para esses crimes. Também peço ao público e à mídia que respeite as investigações e minha privacidade ao longo do processo. Isso não é só uma história. É minha vida”, solicitou a vítima.

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