‘Ele treme até hoje’ diz avó de adolescente autista agredido em Manaus após emboscada


Adolescente de 14 anos foi agredido com socos e pauladas por um homem em uma rua do bairro Colônia Terra Nova, no dia 19 de março. ‘Ele treme até hoje’ diz avó de adolescente autista agredido em Manaus após emboscada
Lucas Macedo/g1 AM
Dulcimar Pereira, avó do adolescente de 14 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que foi agredido em uma emboscada em Manaus, relatou que ele ainda sofre com os traumas causados pela agressão. “Ele treme até hoje”, contou ao g1. A família do jovem, juntamente com um grupo de mães atípicas, se reuniram em frente ao Fórum Henoch Reis pedindo por justiça na manhã desta sexta-feira (28).
As agressões ocorreram no dia 19 de março, em uma rua do bairro Colônia Terra Nova, e foram registradas por uma câmera de segurança. Nas imagens é possível ver quando o jovem é abordado pelo homem que o agride com pauladas. Em seguida, o agressor desfere socos no garoto e o enforca com a alça de uma mochila.
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Ao g1, durante a manifestação, a avó contou que, somente na última quinta-feira (27), o adolescente retornou à escola, mas ainda sente medo de sair para a rua.
“Ele está até mais calmo, mas ele ainda treme muito. Quando ele fica muito nervoso a gente pede para ele parar de pensar nisso [agressão] e começar a pensar em coisas positivas”, relatou.
Dulcimar questionou ainda que, mesmo após a grande repercussão do caso, não tenha recebido uma resposta contundente sobre o ocorrido.
“A gente não teve resposta por nenhuma autoridade sobre as investigações. O agressor ainda continua solto e não vamos desistir até que ele seja preso”, salientou.
A manifestação também contou com a participação de Lena Ribeiro, representante do grupo “Mães Atípicas”, que afirmou que, poucas vezes, a violência contra pessoas com autismo recebe a justiça devida.
“Estamos clamando por justiça, porque em nenhum caso a gente consegue ver a justiça sendo feita. A gente precisa chamar atenção das autoridades”, disse.
‘É um sentimento revoltante’, diz mãe de adolescente autista agredido em Manaus após emboscada; VÍDEO
Manifestação também contou com a participação de Lena Ribeiro, representante do grupo “Mães Atípicas”.
Lucas Macedo/g1 AM
Agressão
Logo após o ocorrido, a mãe do adolescente autista contou ao g1 que as agressões aconteceram em um dia em que ele voltava para casa após sair da escola. Ela explicou que, apesar dele sempre voltar por um caminho diferente, naquele dia decidiu passar pela rua da casa do agressor a convite de um amigo. Ao se despedirem, ele seguiu o trajeto sozinho, quando outros três alunos, que não estavam com o jovem, chutaram o portão e fugiram.
O garoto foi então abordado pelo suspeito em uma emboscada. O suspeito agrediu o jovem com pauladas, além de desferir socos e o enforcar com a alça de uma mochila. Toda a agressão foi registrada por uma câmera de segurança e só parou no momento em que vizinhos interferiram. Em seguida, o jovem foi levado para a casa dos avós a poucos metros do local.
Após as agressões, o homem, acompanhado do filho, foi até a casa onde o adolescente estava e uma nova discussão teve início. A polícia foi acionada e os envolvidos encaminhados ao 18º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde um Boletim de Ocorrência foi registrado.
Na delegacia, o homem confessou a agressão e, em seguida, foi liberado.
Por meio de nota, a Polícia Militar do Amazonas (PMAM) afirmou que o homem envolvido nas agressões e que se afirmava ex-policial militar, nunca pertenceu ao quadro da corporação.
Já a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), também por meio de nota, informou que finalizou o procedimento policial sobre a agressão física contra um adolescente, ocorrida no dia 19 de março. O autor, um homem de 49 anos, confessou as agressões, alegando que agiu por raiva devido a chutes no portão de sua casa.
A PC-AM esclareceu que o suspeito afirmou não saber que a vítima tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que pediu desculpas à família. O caso foi concluído com a definição da autoria e materialidade, incluindo o exame de corpo de delito, que confirmou lesões leves.
O autor responderá por lesão corporal e o processo foi encaminhado à Justiça.
Adolescente com autismo é agredido com pauladas por homem após emboscada em Manaus
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