Cimed migra do ECC para o S/4 Hana

A Cimed, terceira maior indústria farmacêutica do país em volume de vendas, migrou do SAP ECC para o S/4 Hana, a última versão do software de gestão rodando na nuvem, com a Delaware Brasil, operação brasileira da multinacional belga de consultoria SAP.

O projeto foi feito por meio do Rise with SAP, uma iniciativa da multinacional alemã para acelerar a migração dos clientes para a nuvem, a implementação foi concluída em janeiro deste ano.

Utilizando o ECC há mais de 10 anos com suporte da própria SAP (que termina em 2030), a empresa já havia migrado seu datacenter on-premise para a Google Cloud em 2021.

“Isso foi uma primeira dor, você não precisa fazer tudo de uma vez. O time fez essa primeira migração e, nesse momento, você já encontra várias coisas que não estão muito bem e tem que, obrigatoriamente, arrumar isso. Já foi uma primeira migração importante”, conta Domingos Bruno, diretor-executivo de tecnologias digitais da Cimed. 

Mais tarde, em 2023, a companhia realizou um pré-projeto para limpar cerca de 41% das customizações do ECC, buscando se alinhar à proposta de clean core da SAP, que prevê o mínimo de customizações possíveis no núcleo do ERP. O trabalho levou entre seis e oito meses.

“A gente, como todo mundo, ia fazendo os nossos upgrades e updates. Então esse ambiente era muito customizado. Vinha de uma cultura de fazer muito dentro de casa, que foi o melhor para aquele momento”, explica Bruno.

Com isso, foi feito um trabalho de preparação com quatro ou cinco ondas de limpeza, chamando todos os usuários. A empresa fez um archiving, processo no qual um grande volume de dados que não são usados há muito tempo são deletados do sistema.

Segundo Rodrigo Moulard, CSMO e fundador da Delaware Brasil, esse trabalho salvou muito tempo e dinheiro, principalmente pelo espaço em disco ser caro.

Em 2024, a Cimed começou a realizar a migração completa para o S/4 Hana.

“Quando eles vieram com a RFP e todo o trabalho de pré-projeto, eles foram muito mais eficientes do que um projeto normal por causa de dados, segurança de informação. Projeto farmacêutico é outro mundo que a gente tem que se preparar bastante para começar a explorar”, relata Moulard.

O diretor da Cimed conta que a empresa começou a ver a mudança para o Rise como inexorável, pois queria aproveitar muito dos benefícios da tecnologia mas, para isso, precisava estar um pouco mais estruturada.

“Era um movimento não só para levar a Cimed do ECC para o RISE, mas levar a Cimed de um mundo entre analógico e digital para um mundo 100% digital. A gente precisaria fazer esse movimento”, relata Bruno.

No projeto, a empresa passou para a nuvem todos os módulos de backoffice, logística, produção, entradas e saídas, manutenção e controle de qualidade.

“Na produção de remédios, você precisa fazer qualificação do ambiente, da estrutura, das pessoas, dos protocolos de pesagem, de quanto tempo aquela molécula pode ficar em espera para poder entrar em outro apontamento. Então é muito expressiva essa área de qualidade e toda essa gestão funciona dentro da SAP”, destaca Bruno.

Moulard acrescenta que a documentação do projeto também é diferente, seguindo padrões de metodologia da indústria, e não de projeto.

“A gente tem documentações nossas e tem documentações que têm que ser passadas por aquela parte de auditoria do projeto. Então, também tem um trabalho de casa que não é comum, apenas para a indústria farmacêutica”, detalha Moulard.

Pelo ERP, também passam os controles de lote e de estoque.

“Essa eu acho que é a parte principal. Qualidade, controle de lote, controle de estoque é o que faz empresas até quebrarem nesse segmento. Perder estoque é um negócio que, num segmento desse, é muito importante. Recall, por exemplo. Você tem que ter toda a lista de lotes daquele produto e ser o mais rápido possível para chegar neles”, destaca Moulard.

De forma geral, Bruno acredita que o projeto não é um movimento tecnológico, mas um movimento de negócios.

“Eu quero que a gente use tecnologia para vender mais, para ser mais eficiente, para ter eficiência operacional. Então estamos utilizando a migração como um gatilho para essa transformação com a cultura de fazer, de ser muito mais data-driven, de ser muito mais ativo com a tecnologia. E a tecnologia deixar de ser meio e ser protagonista”, explica Bruno.

Fundada na Bélgica, a Delaware tem mais de 20 anos de experiência em consultorias, implementações, sustentações e inovações tecnológicas. Com presença em 19 países, a empresa conta com mais de 4,5 mil profissionais.

No Brasil há 10 anos, a companhia fechou 2024 com um faturamento local de R$ 100 milhões, alta de 26% em comparação com o ano anterior. No país, já são mais de 150 clientes atendidos, entre eles LVMH Beauty, SouSmile e Cadastra.

Há 48 anos no mercado, a Cimed está presente em 98% das farmácias brasileiras. Com mais de 5 mil colaboradores, a empresa conta com escritórios localizados em São Paulo e Minas Gerais, além de outros 26 centros de distribuição espalhados pelo país.

Entre suas marcas, estão Cimegripe, Loratamed, Nevralgex, Carmed, Lavitan e Xô Inseto.

Em 2024, a companhia atingiu o faturamento de R$ 3,6 bilhões. Em 2025, a meta é alcançar R$ 5 bilhões e, até 2030, R$ 10 bilhões.

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