A Celonis, uma startup alemã especializada em mineração de processos, entrou na justiça americana contra a sua compatriota SAP, acusando a gigante de software empresarial de complicar o acesso a dados dos seus clientes.
Para entender o caso, é preciso entender o que a Celonis faz. O forte da companhia são soluções de mineração de processos e gerenciamento de execução (EMS, na sigla em inglês), que ajudam a tornar mais eficientes companhias com negócios complexos.
A ideia é aplicar software para descobrir como um processo realmente funciona dentro de uma organização, o que muitas vezes é bem diferente do que foi projetado no desenvolvimento dos sistemas.
É aí que entra a SAP na jogada, porque quando se trata de empresas enormes com processos que ninguém mais consegue conceber na sua totalidade, a companhia é a fornecedora número 1.
A Celonis foi fundada em 2011 e tem grandes clientes como a Siemens. Em 2021, a startup recebeu um aporte de US$ 1 bilhão, o que tornou ela a startup mais valiosa da Alemanha, na avaliação da Forbes.
Foi o mesmo ano no qual a SAP pagou US$ 1,2 bilhão pela Signavio, uma concorrente da Celonis, no que foi vendido parte de uma estratégia para facilitar aos clientes da SAP a migração de sistemas legados para nuvem (algo no qual, de fato, uma solução de EMS pode ter um papel).
De acordo com a Celonis, foi aí que começaram os problemas, porque a SAP teria passado a usar sua posição como líder em ERP para ganhar vantagem indevida no mercado de software para mineração de processos.
Na ação, a Celonis afirma que documentos internos da SAP mostram que a gigante não está deixando os seus clientes decidirem que ofertas adicionais são as melhores para seus propósitos.
“A SAP embarcou em uma campanha agressiva para excluir fornecedores de aplicativos e tecnologia de terceiros de seu ecossistema por meio de novos encargos e taxas, limitações técnicas arbitrárias, atualizações de políticas restritivas e auto-preferência de suas próprias soluções às custas dos rivais”, afirma o texto da ação movida pela Celonis.
O texto agrega ainda que as medidas visavam “destruir o negócio da Celonis” e “prejudicar os clientes da SAP”.
CELONIS É DISCRETA NO BRASIL
A Celonis tem uma presença ainda discreta no Brasil.
Em 2022 (no ano seguinte da SAP comprar a Signavio), a Celonis fechou um acordo com a Inetum, uma multinacional francesa de tecnologia com forte presença em SAP, para vender o produto no país.
Além do parceiro, a Celonis também contratou o brasileiro Guilherme Bujes, como vice-presidente de vendas e country manager da Celonis Brasil, América Latina & Portugal.
Segundo a reportagem do Baguete pode averiguar no Linkedin, Bujes deixou a Celonis no ano seguinte, e hoje é o dono do restaurante Alice e o Chapeleiro, um restaurante temático baseado no livro Alice no País das Maravilhas em Gramado, pólo turístico gaúcho (por essa eu não esperava, deixo um link do restaurante aqui).
A empresa ainda tem 20 funcionários listados no Linkedin como residentes no Brasil e mantém uma operação local, tendo organizado recentemente um evento em São Paulo no qual foi apresentado o case da B3.