Boletos tem repeteco do bug do milênio

Os boletos, esses grandes amigos dos brasileiros, estão passando por uma espécie de repeteco do bug do milênio.

Isso acontece porque a regra que gera os números dos documentos será alterada em 22 de fevereiro, e todas as empresas donas de soluções que geram boletos precisam atualizar o software. 

O motivo é que número de todos os boletos emitidos no Brasil inclui uma cifra de quatro dígitos que indica a quantidade de dias transcorridos desde 7 de outubro de 1997 até a data de vencimento do boleto ou fatura.

O tempo passou voando e agora no dia 21 de fevereiro terão passado 9,999 dias desde 7 de outubro de 1997. No dia seguinte, serão 10 mil dias, o que são cinco dígitos, acima do limite máximo. 

Tendo isso em conta, a Febraban determinou que o fator de vencimento seja reiniciado para “1000” e siga com sua contagem diária. 

Se os sistemas não forem alterados para ter a nova regra do boleto em conta, o boleto vai sair errado, criando todo tipo de calamidades.  Se tudo for feito certinho, os boletos seguirão sendo emitidos tranquilamente até o dia 13 de outubro de 2049.

Um monte de aplicações geram boletos, indo desde sistemas de gestão até sistemas de cobrança especializados, passando por plataformas de e-commerce, APIs de bancos e sistemas de automação comercial.  

O caso dos boletos é uma lembrança de que coisas cotidianas na nossa vida tem por trás software, e que software é um conjunto de regras como gerar uma cifra de quatro dígitos formada pela quantidade de dias transcorridos desde 7 de outubro de 1997.

Os mais antigos entre os leitores certamente vão lembrar do “bug do milênio”, que foi uma versão mundial da mesma situação. 

No final dos anos 90s, o pessoal se deu conta que muitos sistemas computacionais mais antigos armazenavam o ano usando apenas dois dígitos, escrevendo “99” no lugar de 1999. 

Quando os sistemas foram construídos o hoje já distante ano de 2000 era uma perspectiva distante, mas, quando a data começou a se aproximar, começou uma grande correria.

Isso porque ninguém sabia o que aconteceria se na virada do ano de 1999 para 2000 os sistemas recebessem a informação da chegada do ano “00” e acreditassem que se tratava de 1900.

A solução foi reescrever o software considerando que os anos passariam a ter quatro dígitos. 

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