Advogado diz que famílias de bebês trocados devem passar por acompanhamento psicológico


Advogado Márcio Rocha e as avós das crianças, Silvânia Hilário e Isabel Flores, prestaram depoimento à Polícia Civil. Bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021. Bebês foram trocados após o nascimento em hospital de Inhumas, Goiás, denunciam pais
Gilmara Roberto
O advogado Márcio Rocha afirmou que as famílias envolvidas no caso dos bebês trocados em uma maternidade devem passar por acompanhamento psicológico para lidar com a situação. O profissional, que também é pastor na igreja frequentada por um dos casais, tem acompanhado as famílias desde o início do caso, que ocorreu em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia.
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Em nota, a administração do Hospital da Mulher, onde as crianças nasceram, informou que está oferecendo todas as informações e documentos necessários para a investigação. A instituição ressaltou ter total interesse em esclarecer os fatos – confira a nota na íntegra ao final do texto.
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De acordo com o advogado, os familiares aguardam uma decisão liminar para a realização de exames de DNA que possam confirmar a troca dos bebês. “Apesar de os traços já estarem nitidamente trazendo informações precisas nesse sentido, só o exame de DNA poderá trazer a exatidão necessária. Após isso, as famílias já foram orientadas e iniciaram alguns tratamentos psicológicos com profissionais da área”, explicou.
Márcio Rocha e as avós das crianças, Silvânia Hilário e Isabel Flores, prestaram depoimento à Polícia Civil na quarta-feira (9). No entanto, os detalhes das declarações não foram divulgados para preservar o andamento da investigação.
Entenda o caso
Saiba como crianças foram trocadas em maternidade de Inhumas
Os bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021, um às 7h35 e o outro às 7h49, conforme relataram as famílias. Os partos foram realizados por equipes médicas distintas. Os pais afirmaram que não puderam acompanhar o nascimento dos filhos devido às restrições impostas durante o período da pandemia de Covid-19.
A troca foi descoberta após um dos casais se separar, pois Cláudio Alves solicitou um exame de DNA para comprovar a paternidade do filho. A ex-mulher, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos, também quis fazer o exame. “Se ele não fosse filho do Cláudio, também não era meu”, disse.
Meninos foram trocados após o nascimento em hospital de Inhumas, Goiás, denunciam pais
Reprodução/Arquivo Pessoal
O exame foi realizado no dia 31 de outubro de 2024 e o laboratório pediu uma contraprova, que indicou que a criança não era filha de Yasmin nem de Cláudio.
“Eles disseram que o sangue do meu filho não era compatível com o meu. Eu pensei que era um erro. Mas veio a contraprova”, disse Yasmin.
A jovem se lembrou da família que estava no mesmo dia do nascimento do filho e conseguiu contato com eles por meio de um pastor. Após ela entrar em contato e contar o que houve, Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos, e Guilherme Luiz de Souza, 27 anos, também fizeram o exame de DNA com o filho, que apresentou incompatível.
As famílias ainda não têm a prova de que o filho biológico de Yasmin está com a família de Isamara. Ao g1, Cláudio afirmou que não fizeram a comprovação da paternidade dos pais biológicos porque precisa de autorização judicial. O pedido à Justiça já foi feito, mas não foi avaliado até esta segunda-feira (9).
Foto mostra que um dos bebês trocados em maternidade tinha pulseira de identificação
As famílias disseram que as mães não tiveram nenhum acompanhamento durante o parto. Elas só se lembram de ver os filhos no quarto, depois que passou o efeito da anestesia. Nenhuma delas se lembra se havia pulseiras de identificação nas crianças, mas uma foto tirada logo após o parto mostra o filho de Yasmin com um bracelete (veja acima).
A jovem disse que passou mal durante o parto e não se lembra do que aconteceu na sala de recuperação. “Eu acordei e o bebê já estava do meu lado, minha mãe estava dentro do quarto. Eu me lembro de relances”, narrou Yasmin.
Já Isamara disse que chegou ao quarto antes do bebê, que foi levado até ela logo em seguida. “Eu levei a primeira roupinha do meu primeiro filho para colocar no segundo. E para mim, veio tudo certo [a roupinha do bebê]”, contou.
O marido de Isamara afirmou que sente que faltou cuidado e respeito com as famílias por parte do hospital, que recebeu a confiança deles.
“É um pesadelo. Eu acho que ninguém deveria passar por isso. Esse é um erro que os profissionais da saúde jamais deveriam cometer”, afirmou Guilherme.
Nota na íntegra do Hospital da Mulher
“No momento o hospital não irá se pronunciar até que as investigações sejam concluídas. Como o caso está sob investigação policial e tramita em sigilo por envolver menores de idade, o hospital está legalmente impedido de fornecer informações acerca do caso à imprensa, em obediência à Lei Geral de Proteção de Dados.”
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