Ibovespa fecha em alta embalado pela Petrobras

Segundo análise de Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, o Ibovespa subiu hoje, principalmente devido a fatores internos, especialmente o bom desempenho das ações da Petrobras. A estatal anunciou um dividendo extraordinário de R$ 20 bilhões, o que aumentou seu valor de mercado em R$ 30 bilhões, alcançando o maior nível desde maio. Na minha visão, esse movimento gerou otimismo no mercado, aliviando parcialmente as preocupações recentes com o cenário fiscal.

A alta das ações da Petrobras é significativa, dado seu peso no índice, com ações ordinárias subindo mais de 6% e preferenciais quase 5%. Além disso, o desempenho de outras ações, como as do setor metálico, também contribuiu positivamente. No entanto, fatores externos também tiveram impacto moderado. O avanço das bolsas nos Estados Unidos, impulsionado por dados econômicos positivos no setor de serviços, colaborou para melhorar o humor global e beneficiar o Ibovespa. Observo que outro ponto relevante foi a migração para terreno positivo das cotações do petróleo, após um compromisso renovado entre a Opep e a Rússia para estabilizar os mercados de energia.

Embora o ambiente interno tenha sido o principal catalisador, o cenário externo contribuiu como um pano de fundo favorável, criando um alinhamento entre os fatores locais, Petrobras e outras blue chips e globais bolsas estrangeiras e preços do petróleo. Na minha opinião, o movimento dos juros futuros e do dólar nesta sexta-feira reflete um mercado impaciente com as incertezas fiscais internas e o impacto de fatores externos. No mercado de juros, a alta em toda a curva sinaliza que a paciência com a demora do governo em apresentar o prometido pacote de cortes de gastos está no limite. Apesar das reiteradas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que as medidas devem ser anunciadas na próxima semana, o mercado parece não estar convencido de sua robustez.

A percepção de falta de consenso dentro do próprio governo sobre o ajuste fiscal eleva o prêmio de risco, pressionando as taxas e reforçando a desconfiança sobre a trajetória fiscal. Desde outubro, as taxas já acumulam altas expressivas, com os investidores cobrando clareza e ações concretas para reforçar o arcabouço fiscal. No câmbio, o dólar voltou a operar próximo de R$ 5,82, influenciado por um cenário externo desfavorável e incertezas domésticas. O fortalecimento da moeda americana no mercado global, somado à alta dos preços do petróleo e do minério de ferro, coloca pressão adicional sobre o real.

Internamente, a demora em detalhar os cortes de gastos mantém o mercado em posição defensiva, com dúvidas sobre se as medidas serão suficientes para atender às metas fiscais. Enquanto isso, fatores externos, como a cautela com a economia europeia e tensões geopolíticas, sustentam a pressão no Dólar. Sendo assim, a mensagem do mercado é clara: sem sinais concretos de disciplina fiscal, sem dúvidas, os ativos brasileiros continuarão sofrendo. A volatilidade pode aumentar até que o governo finalmente mostre a que veio na próxima semana.

As maiores altas do Ibovespa foram impulsionadas pelo bom desempenho das ações da Petrobras, que subiram 5% (ordinárias) e 4,% (preferenciais), beneficiadas por dividendos bilionários e um plano estratégico bem recebido, resultando em uma recuperação de R$ 30 bilhões em seu valor de mercado. As ações da Cosan (6,%) e Raízen (5,%) também se destacaram, impulsionadas pela alta do petróleo e pela expectativa de parcerias com a Petrobras no setor de etanol. Esses movimentos refletiram uma valorização no setor energético, especialmente devido à busca por novas oportunidades de investimento e a alta nos preços do petróleo.

As maiores quedas do Ibovespa foram impulsionadas pelas ações da Gol (GOLL4), que caíram após o anúncio de um acordo de codeshare com a Royal Air Maroc. As ações da Porto (PSSA3) também apresentaram leve queda, com o mercado reagindo ao pagamento de proventos programado para o dia 28 de novembro. Além disso, VAMO3 liderou as quedas, com um movimento de realização de lucros após a valorização pós-balanço positivo.

No Brasil, a semana foi marcada por um ritmo mais calmo devido ao feriado, com o mercado esperando ansiosamente pelas definições sobre o pacote de cortes fiscais do Governo Federal. Esse cenário de incertezas fiscais pesou negativamente sobre as expectativas para o país, especialmente com o prazo para a aprovação do projeto apertando. Em meio a essa indecisão, as receitas federais de outubro superaram as previsões, com uma arrecadação extra de R$ 4,4 bilhões, impulsionada pela alta do dólar e pela massa salarial elevada. No entanto, a falta de clareza quanto ao futuro fiscal fez o real se desvalorizar frente a outras moedas.

Para a próxima semana, a expectativa é de que a volatilidade continue, com o mercado aguardando novas movimentações tanto no cenário interno quanto externo. A definição sobre o pacote fiscal será crucial para as perspectivas econômicas do Brasil, e os investidores estarão atentos a qualquer sinal de avanço nas negociações. Já no exterior, o foco estará nos próximos passos do governo de Trump e nas políticas monetárias dos principais bancos centrais.

Confira abaixo os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices

  • Ibovespa: 129.125,51 (+1,74%)
  • S&P 500: 5.969,25 (+0,35%)
  • Nasdaq: 19.003,65 (+0,61%)
  • Dow Jones: 44.296,39 (+0,97%)
  • Dólar: R$ 5,81 (+0,50%)
  • Euro: R$ 6,05 (-0,67%)

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