Como guerra Israel x Irã minou apoio de Trump entre conservadores

O presidente dos EUA, Donald TrumpCasa Branca/Reprodução

A escalada do conflito entre Israel e Irã está custando caro para Donald Trump.

O chefe da Casa Branca nega, mas até os telhados destruídos pelos foguetes lançados por Tel Aviv em Teerã sabem que Benjamin Netanyahu não daria um passo contra o inimigo sem o aval dos Estados Unidos.

Não só os telhados.

No fim de semana o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, acusou Washington de estar por trás da ofensiva. Segundo ele, os Estados Unidos têm “papel direto” na agressão, que até agora matou 224 pessoas do lado iraniano – entre elas o chefe da inteligência local, Mohammad Kazemi e dois oficiais da Guarda Revolucionária – e 22 do lado israelense.

A conta chegou para Trump, que enfrenta uma onda de revolta em casa devido ao recrudescimento das ações de deportação em massa, e começa a perder apoio de aliados históricos.

Um deles é o comentarista de TV Tucker Carlson, para quem os Estados Unidos deveriam “abandonar Israel” e deixar Netanyahu “lutar as suas próprias guerras”.

O senador republicano Rand Paul também cobrou o aliado. Ele lembrou que parte do eleitorado conservador só votou em Trump porque ele prometia manter distância das “guerra sem fim” inventadas pelos antecessores.

Até a congressista de direita Marjorie Taylor Greene disse estar “rezando pela paz” na área de conflito.

Para os apoiadores desencantados, Trump está quebrando a promessa de priorizar a América ao se envolver em conflitos estrangeiros. “America Primeiro” é o slogan que uniu os conservadores na mesma base em 2016 e 2024.

Pouca gente lembra, mas Trump posaa de “pacificador” durante a campanha, em confronto com Joe Biden, incapaz de brecar a máquina israelense de moer gente em Gaza.

Teve quem acreditou.

Trump, até aqui, falhou em mediar conflitos como a própria negociação de não proliferação nuclear com o Irã.

E é o principal vetor da discórdia hoje (na verdade, desde 2016) nos Estados Unidos, onde flerta com uma guerra civil ao escalar agentes federais para reprimir protestos contra a política anti-imigratória em estados como a Califórnia – um desrespeito às polícias e autoridades locais e ao pacto federativo, instituição até então sagrada na Constituição norte-americana.

Na semana mais violenta registrada no país em muito tempo, um apoiador fanático do presidente se fingiu de policial e saiu atirando contra parlamentares que defendem posições políticas distintas das dele e do ídolo.

Os tiros disparados pelo extremista mataram a deputada estadual de Minnesota Melissa Hortman e o marido dela, Mark.

O senador estadual John Hoffman e a esposa dele também foram alvejados pelo mesmo homem, mas sobreviveram.

Cada disparo no próprio quintal e cada bomba trocada entre Israel e Irã sujam um pouco mais as mãos de um presidente já encharcado de sangue.

*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG

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