Selic deve seguir alta mesmo com recuo da inflação, alertam gestores

Inflação de outubro sobe para 0,56% e surpreende analistas

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio registrou alta de 0,26%, resultado abaixo das expectativas do mercado. O dado, divulgado pelo IBGE, confirma uma tendência de desaceleração na inflação, especialmente em grupos como alimentação e saúde. Ainda assim, o índice acumulado em 12 meses segue em 5,32%, acima do teto da meta do Banco Central.

A BM&C News ouviu executivos e gestores de diferentes setores da economia para entender o que o resultado representa na prática. A avaliação geral é que, embora o resultado seja positivo, a pressão inflacionária ainda não está superada, e que o momento exige cautela, disciplina e foco em eficiência.

Política monetária começa a surtir efeito na inflação, dizem especialistas

Para João Kepler, CEO da Equity Group, a desaceleração mostra que a política monetária mais restritiva começa a mostrar resultados concretos, trazendo alívio para o ambiente macroeconômico. “Essa desaceleração ajuda a reduzir as incertezas que vinham travando decisões estratégicas, facilitando a análise de novos projetos e a gestão de investimentos”, afirma. Kepler ressalta, no entanto, que o problema não está resolvido, e que as empresas devem manter o foco em eficiência operacional.

Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, também vê efeito direto das ações do Banco Central. “O aperto monetário vem surtindo efeito, especialmente nos itens de alimentação e saúde, que impactam diretamente as cadeias produtivas do agronegócio e da indústria.” Ele reforça que a inflação acumulada ainda preocupa, e que a vigilância da autoridade monetária é essencial para garantir condições de crescimento sustentável.

Inflação em queda beneficia PMEs, mas exige planejamento

Do lado das pequenas e médias empresas, o impacto também é perceptível. Theo Braga, CEO da SME The New Economy, destaca que a desaceleração nos preços alivia parte da pressão sobre os custos operacionais das PMEs. “Mas ainda é um cenário com incertezas. O IPCA acumulado em 12 meses mostra que o desafio inflacionário continua presente. Para os gestores, é essencial manter disciplina financeira e cautela nos investimentos”, analisa.

Mesmo com alívio na inflação, Selic deve continuar alta, travando crédito e crescimento

Apesar do alívio, os especialistas são unânimes em afirmar que a taxa Selic deve continuar elevada, o que limita a recuperação da atividade econômica.

Para André Matos, CEO da MA7 Negócios, ainda é cedo para comemorar. “Esse alívio pontual não representa uma vitória. A Selic deve seguir alta, travando o crescimento e a geração de empregos.”

Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, complementa: “O IPCA de 12 meses acima da média indica que o problema inflacionário ainda não foi resolvido. Isso exige cautela na concessão de crédito e atenção redobrada na gestão de endividamento para evitar riscos desnecessários.”

Cautela segue como palavra-chave

A leitura dos dados de maio mostra que o Brasil está, sim, avançando na luta contra a inflação. No entanto, o cenário ainda impõe restrições importantes para decisões de consumo, crédito e investimento. O comportamento da inflação acumulada continua sendo o principal ponto de atenção dos formuladores de política econômica, e também do setor produtivo.

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