PUCRS tem espaço no Instituto Caldeira

A PUCRS, uma das maiores universidades do Rio Grande do Sul, acaba de inaugurar um espaço dentro do Instituto Caldeira, hub de inovação badalado até não poder mais em Porto Alegre.

No local, a PUCRS deve oferecer workshops técnicos e de carreira, mentorias de professores e visitas de imersão no ecossistema do Tecnopuc, o seu parque tecnológico, a fim de atrair mão de obra para as empresas instaladas no parque.

A colaboração prevê ainda o desenvolvimento de pesquisas conjuntas, como o compartilhamento de dados sobre startups e o Quarto Distrito, área em revitalização da capital gaúcha onde está instalado o Caldeira. 

Para o diretor-executivo do Caldeira, Pedro Valério, a presença física da PUCRS é representativa da “liderança da universidade nos primeiros movimentos que culminaram com a criação de um ecossistema de inovação gaúcho”. 

“Se de alguma maneira o Rio Grande do Sul passou a ter algum destaque na inovação em um contexto brasileiro, é em função da PUCRS e do trabalho que ela vem fazendo no âmbito das pesquisas e com o Tecnopuc”, completou Valério. 

Toda hora alguma empresa ou instituição anuncia algum ponto de presença dentro do Caldeira, mas como dá para notar pelo tom do comentário de Valério, o anúncio da entrada do Tecnopuc tem um peso especial. 

E, ao contrário da maioria dos comentários que se fazem nesse tipo de ocasiões, dessa vez é verdade mesmo. 

Isso porque o Caldeira poderia ser visto como um concorrente para o Tecnopuc, um parque tecnológico fundado no começo dos anos 2000 que é uma referência nacional e era o centro do universo de inovação de Porto Alegre até pouco tempo atrás.

Numa visão mais restrita, o Tecnopuc quando o Caldeira poderiam ser considerados competidores na busca por ocupantes para os seus imóveis (o Caldeira está começando, mas o Tecnopuc tem alguns milhares de metros de área construída).

Apesar disso, a PUCRS vem optando por cooperar com o Caldeira desde o começo, no que pode ser visto como um case típico de “se não pode vencê-los, una-se a eles”, ou também da visão de longo prazo acima da média da instituição (provavelmente, uma combinação das duas coisas).

O Caldeira é bancado pela nata empresarial gaúcha, representada por nomes como e empresas tradicionais como Renner, Sicredi, Panvel, RBS, Randon, e da nova economia, como Agibank, 4all, Nelogica, Banco Topázio, SafeWeb, Zenvia, Meta e StartSe. 

Se é verdade que o locais como o Tecnopuc eram os grandes protagonistas do tema inovação até uma década atrás, também é verdade que o ecossistema digital está se sofisticando no Brasil, com o ingresso de grandes fundos, aceleradoras e iniciativas capitaneadas por empresas de olho na digitalização dos seus negócios como o Caldeira.

Provavelmente reconhecendo isso (Jorge Audy, o superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc, é conhecido por reconhecer coisas com uma certa antecipação), a PUCRS embarcou no assunto desde o começo.

A primeira aproximação oficial das duas partes foi um convênio assinado em 2021, já na largada do Caldeira, visando fomentar o intercâmbio entre startups das duas organizações.

No começo do ano, quando as enchentes em Porto Alegre alagaram totalmente o Caldeira, o Tecnopuc, instalado em outra área não afetada da cidade, prontamente ofereceu as suas instalações para as empresas afetadas.

A motivação é simples. Embora Tecnopuc e Caldeira sejam competidores stricto sensu (para um pouco de linguagem acadêmica) eles também estão no mesmo barco no final das contas, olhando as coisas lato sensu.

Isso porque, com a evolução do ecossistema de inovação no país, a competição se dá também entre os diferentes pólos, cada um deles visando reter talentos e oferecer as melhores condições para o desenvolvimento de startups de tecnologia (nesse caso, é só lembrar de como Florianópolis se posiciona como a “capital das startups”). 

“A lógica é que para um crescer todos têm que crescer”, disse há algum tempo para o Baguete Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUC-RS e do Tecnopuc. “Nossa ambição é que Porto Alegre tenha um lugar de referência no tema inovação na América Latina, capturando a imaginação como Recife ou Florianópolis já fizeram”, agrega.

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