Prefeita de Los Angeles decreta toque de recolher em parte da cidade em meio a protestos


Militares foram enviados por Trump após início de nova onda de batidas do ICE. Mais de 180 pessoas foram presas desde o começo dos protestos, na sexta-feira (6). Manifestantes lançam fogos de artifício contra policiais em Los Angeles
A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, decretou toque de recolher em parte do centro da cidade nesta terça-feira (10). A medida foi tomada após cinco dias de protestos contra operações de agentes do Serviço de Imigração dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês).
As manifestações começaram na sexta-feira (6), depois que o governo do presidente Donald Trump lançou uma nova série de batidas migratórias em várias cidades do país.
As manifestações ocorrem principalmente à noite e de madrugada, com episódios de confronto com a polícia, vandalismo e saques.
O toque de recolher estabelecido pela prefeitura começa às 20h desta terça-feira (0h de quarta-feira, no horário de Brasília) e vai até as 6h. Apenas funcionários autorizados e pessoas em situação de emergência poderão circular na área atingida, de cerca de 2,5 km².
Na mesma região, cerca de 700 fuzileiros navais dos Estados Unidos aguardam ordens em uma base a 50 km de Los Angeles. Eles foram enviados por ordem de Trump para reforçar a segurança.
Outros 4 mil integrantes da Guarda Nacional também foram mobilizados, mesmo com a oposição do governador da Califórnia, Gavin Newsom.
O envio de militares gerou críticas de autoridades locais e estaduais. Elas afirmam que os protestos são, em sua maioria, pacíficos e que a resposta do governo federal é desproporcional. A prefeita Karen Bass disse que os atos violentos se concentram em um grupo pequeno.
Os senadores da Califórnia, Adam Schiff e Alex Padilla, divulgaram uma nota conjunta afirmando que tropas em serviço ativo só devem ser mobilizadas em situações extremas. Eles disseram que esse não é o caso atual.
Durante um discurso em uma base militar na Carolina do Norte, Trump defendeu a operação. Ele afirmou que os protestos são uma ameaça à soberania nacional e prometeu “libertar Los Angeles”.
A Procuradoria da Califórnia entrou com uma ação na Justiça para tentar impedir a atuação dos militares. O procurador-geral Rob Bonta disse que proteger prédios federais é aceitável, mas acompanhar agentes do ICE nas ruas pode violar a lei que proíbe o uso das Forças Armadas para aplicação da lei civil.
Mais de 180 pessoas foram presas desde sábado. As detenções continuaram nesta terça-feira, enquanto helicópteros da polícia sobrevoavam o centro da cidade. Policiais também reforçaram a segurança ao redor do centro de detenção onde estão os imigrantes presos.
Donos de estabelecimentos comerciais afetados disseram que não apoiam os ataques às lojas, mas também criticaram as ações do governo federal.
“Eu concordo o que os manifestantes defendem. Eles estão apoiando a comunidade latina. Mas há pessoas cometendo vandalismo, e isso precisa parar”, disse Frank Chavez, de 53 anos.
Protestos também foram registrados em outras cidades, como Chicago. Em uma das manifestações, cartazes traziam frases como “O povo diz: fora ICE” e “Imigrantes construíram os EUA”.
“Mesmo que mandem a polícia, cachorros ou o que for, a gente vai continuar aqui”, disse o manifestante Marquise Howard, de 24 anos.
Policiais acompanham manifestações em Los Angeles, em 10 de junho de 2025
REUTERS/Leah Millis
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