Aluno denuncia professora por discriminação em faculdade de Niterói

O estudante de enfermagem Vitor Moreira, 31 anos, registrou um boletim de ocorrência por injúria na 76ª DP, no Centro de Niterói, após, segundo ele, ter sido humilhado por uma professora da Universidade Salgado de Oliveira (Universo) durante a aplicação de uma prova no último sábado (7). O jovem afirma ter sido alvo de um tratamento agressivo e discriminatório diante de mais de 50 alunos.

Vitor relata que teve apenas dois diálogos com a professora responsável pela aplicação da prova da disciplina Ciências Exatas. Inicialmente, ele questionou sobre barulhos externos que estavam atrapalhando a concentração na realização da avaliação, e a resposta da docente teria sido ríspida.

“Ela disse que não sabia, que não era problema dela e que, se eu não gostasse, deveria resolver na coordenação. E que, se eu continuasse falando, ela chamaria o segurança para me retirar da sala de aula”, afirmou.

Durante a prova, outros alunos também conversavam, e a professora comentou que anularia a prova deles. Vitor afirma que ela respondia de forma educada a esses estudantes. “Ela foi muito grossa comigo, o tempo todo me olhava de forma intimidatória durante a prova”, contou.

O estudante, que havia acabado de cumprir um plantão de 36 horas, relata que cochilou durante a prova devido à exaustão. Ao acordar e tentar entregar seu cartão-resposta, foi surpreendido pela reação da professora.

“Quando acordei e perguntei se poderia entregar meu cartão-resposta, a professora me respondeu: ‘Cala a boca, não mandei você levantar do seu lugar!’”.

Vitor acrescenta que a professora voltou a ameaçá-lo, dizendo que chamaria o segurança da instituição para retirá-lo da sala.

Aspas da citação

Ela disse que iria mandar chamar o segurança para mim. Perguntei: ‘Por qual motivo? Por eu ser preto?’ Porque todos os alunos de pele branca eram respondidos de forma cordial e educada, e nós, pretos, temos que ser abordados pelo segurança?


Vitor Moreira,
desabafou o estudante

Aspas da citação

De acordo com o relato, mais de 50 alunos estavam na sala no momento da abordagem e presenciaram a situação. Nesse momento ele saiu da sala pois Vitor afirma ainda ter aguardado cerca de uma hora por acolhimento da instituição, sendo atendido somente após ligar para o número 190 da Polícia Militar. Ele também relata ter sofrido tentativa de coerção para que não formalizasse a denúncia.

“Ela conseguiu me humilhar na frente de uma classe com mais de 50 pessoas de diversos cursos. Fiquei durante uma hora pedindo acolhimento na faculdade por um profissional e só me atenderam depois que acionei a polícia. Fui coagido a não fazer uma denúncia”, disse.

O estudante ainda relata que procurou uma delegacia acompanhado de uma amiga e de um advogado, e o caso foi registrado na 76ª DP (Centro) como injúria comum, pois, segundo a delegada, não havia provas suficientes para que fosse enquadrado como injúria racial.

Vitor afirma que, após tornar o caso público, recebeu diversas mensagens de outros alunos — principalmente estudantes negros — relatando que a professora já havia tido a mesma conduta com eles.

Procurada, a Universo não respondeu sobre o assunto até a publicação desta reportagem. 

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