Maurício Lima: A arte contínua de Maria Porto

Maurício Lima: A arte contínua de Maria PortoRedação GPS

Quem mora em Brasília está acostumado a ver arte espalhada pela cidade, principalmente na Esplanada dos Ministérios, prédios como o Itamaraty estão repletos de arte de ótima qualidade. Esse convívio ajudou a formação de muitos artistas que criaram e desenvolveram suas carreiras no Distrito Federal, todavia tiveram um alcance mais local. Alguns artistas da geração passada entenderam que para sua obra percorrer o País e ter mais relevância, eles precisariam ir para São Paulo ou Rio de Janeiro, que são os dois grandes centros culturais do Brasil. Nazareno fez esse caminho, mudou-se para SP e conseguiu obter o espaço que sua obra merece nacionalmente.

Essa realidade de ter de se mudar para outro centro para conseguir destaque está mudando principalmente para a nova geração de artistas de Brasília, que está chamando a atenção de galerias e curadores de outros estados e, com isso, tendo sua obra exposta nos grandes centros do mercado da arte nacional.

Uma dessas artistas que estourou a bolha foi Maria Porto, natural de Brasília e mestra em Educação em Artes Visuais (EAV) pela UnB, onde também fez sua formação. Após seu período acadêmico, ela começa sua carreira profissional já sendo selecionada para o 17º Salão Ubatuba de Artes Visuais. Desde 2022, vem participando de feiras de arte como FARGO (GO), FUGA (DF), FBAC (DF) e, este ano, participou da SP-Arte com uma obra que, de certa forma, abre uma nova maneira de se entender o limite físico da arte.

Maurício Lima: A arte contínua de Maria Porto

Maurício Lima: A arte contínua de Maria Porto

Porto desenvolveu a série contínua, que retira o limite físico do objeto, ele começa “aqui”, mas quem escolhe onde ele acabará é o colecionador. Tudo iniciou com um trabalho no qual a artista usava fotos dos arquivos de sua família e as imprimia sobre acrílico. No passo seguinte, fazia um recorte no centro da foto e, com essa área que era retirada, ela criava uma escultura. No começo, essa escultura ficava ao lado do quadro em uma pequena estante, mas Porto logo percebeu que essa segunda parte do trabalho não precisaria respeitar esse limite físico e poderia estar em qualquer lugar e, com isso, se criava um pensamento de continuidade na qual a pessoa só acabaria de ver o trabalho quando ela visse a outra parte que poderia estar em outro cômodo da casa ou até mesmo em outra área da cidade.

Nessa nova série, a artista executa pinturas, pegando um pedaço de pelúcia da mesma dimensão e fazendo um recorte de formato orgânico no meio do quadro, obtendo, assim, duas partes. Em seguida, ela usa o mesmo recorte na pelúcia e une cada parte do quadro com a parte faltante da pelúcia. A artista instala cada parte do trabalho em um ambiente e, quando o espectador, que não conhece a obra, vê a segunda parte em outro local, depois de já ter visto a primeira, começa a notar semelhanças, criando uma sensação de déjà-vu. É nesse momento, de uma certa estranheza, que ele compreende que realmente acabou de ver o trabalho por completo.

Na SP-arte de 2025, a artista mostrou, na galeria clima, um trabalho dessa série, onde uma parte do trabalho ficou dentro do estande e a outra fora, acentuando essa sensação de continuidade.

Maurício Lima: A arte contínua de Maria Porto Maurício Lima: A arte contínua de Maria Porto

*Por Maurício Lima, consultor em investimento em arte. Matéria originalmente publicada na edição 42 da Revista GPS|Brasília

 

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