Após 13 anos, PM é condenado por matar vendedor de sapatos durante abordagem policial em MG


Célio Nunes de Oliveira foi morto pelo militar Mauro Aloisio Kaiser Rossignoli, no Centro de Bicas, em maio de 2012. O réu foi condenado a seis anos de prisão em regime semiaberto e perderá o cargo público. Vídeo mostra momento em que policial militar coloca corpo de vendedor de sapatos
O Tribunal do Júri condenou a 6 anos de prisão em regime semiaberto o PM Mauro Aloisio Kaiser Rossignoli, que atirou e matou o vendedor de sapatos Célio Nunes de Oliveira durante uma abordagem policial em Bicas, na Zona da Mata.
🔔 Receba no WhatsApp notícias da Zona da Mata e região
O homicídio aconteceu no dia 9 de maio de 2012, e a condenação foi dada na noite da segunda–feira (26), 13 anos após o crime. A sentença também determinou pela exoneração do PM do cargo.
Segundo a decisão, o policial cometeu homicídio doloso, ou seja, teve intenção de matar a vítima, à época com 41 anos, que tinha saído de Franca (SP) para fazer vendas em Bicas.
O g1 fez contato com a defesa do militar e aguarda retorno. Já a família comemorou a decisão, citando a sensação de justiça. Confira mais abaixo.
Vendedor morto e colocado em caçamba da viatura
O disparo aconteceu na esquina das ruas Prefeito Nilson Batias Vieira e Olegário Maciel, por volta das 23h, no Centro da cidade, quando o PM teria abordado a vítima pedindo para que ela colocasse as duas mãos sobre a viatura para uma revista.
Câmera de monitoramento registrou momento em que militar colocou vendedor em viatura em Bicas
Kadu Fontana/Reprodução
À época, a polícia registrou no boletim de ocorrência que Célio teria reagido e tentado tirar uma arma do bolso, obrigando o militar a se defender e efetuar o disparo em direção ao vendedor.
Ele foi baleado na região do tórax. Em seguida, colocado dentro da caçamba da viatura da PM e levado para atendimento hospitalar. Imagens de uma câmera de monitoramento filmaram a chegada do veículo com Célio na unidade de saúde. Veja o vídeo acima.
A vítima, no entanto, não resistiu e morreu.
Segundo a decisão, “o réu, na condição de policial militar, demonstrou conduta incompatível com os padrões exigidos pela corporação, agindo de forma precipitada”. Ainda conforme o Tribunal do Júri, o comportamento da vítima “não influenciou no delito”.
“Sensação de justiça, mais que tardia”
Em um vídeo enviado ao g1, Wellington Oliveira, irmão de Célio, ao lado de Yasmin Fonseca, filha do vendedor, e Luiz Cláudio Lamarque Stefani, cunhado dele, comentou a decisão do Tribunal do Júri e os 13 anos de espera.
Célio Nunes de Oliveira
Arquivo Pessoal
“Foi uma pena branda, de 6 anos, mas a perda do cargo público e fora a humilhação pública que este policial sofreu, é sim uma sensação de justiça. Isso ameniza, sim, a dor da família (…). Que isso sirva de exemplo para outros policiais com problemas de índole, como esse assassino, ao menos pensem em fazer abordagem truculenta como essa”, avaliou.
“Traz uma sensação de justiça, mais que tardia. E que ninguém está acima da lei”, comemorou ele, que ainda mora com a família em Franca e esteve em Bicas acompanhando o julgamento. “Nestes 13 anos, foram incontáveis vindas para a região [de Bicas] em busca de Justiça. Mas não tinha como deixar impune este ato de truculência”.
📲 Siga o g1 Zona da Mata: Instagram, X e Facebook
VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes
o
Adicionar aos favoritos o Link permanente.