Historicamente, boa parte das práticas de comunicação institucional no Brasil seguiu modelos fechados

A comunicação pública vive um momento de necessária renovação. Entenda-se essa atividade como o esforço do Estado para garantir o acesso da população à informação de interesse coletivo, fortalecendo direitos e promovendo a cidadania. Historicamente, porém, boa parte das práticas de comunicação institucional no Brasil seguiu modelos fechados, com decisões concentradas internamente, limitada participação social, sobretudo na definição dos critérios de contratação de publicidade. 

Os tempos atuais, marcados por uma transformação digital acelerada, exigem mudanças profundas nesse modelo. O consumo de notícias mudou: o brasileiro migrou do computador para o celular; redes sociais e aplicativos de mensagens se tornaram os principais meios de informação. Sites e portais, protagonistas nos anos 2000, enfrentam hoje o desafio de se adaptar para manter relevância e sustentabilidade.

Diante desse cenário, surgem perguntas que precisam ser enfrentadas com coragem e responsabilidade: que critérios devem orientar a publicidade institucional? Como assegurar que a informação pública alcance toda a população, sem privilégios ou distorções? De que maneira equilibrar a liberdade de expressão com a responsabilidade editorial? Como apoiar veículos regionais sem abrir mão da eficiência e da transparência?

Essas questões têm inspirado ações concretas. Em Alagoas, o governo estadual lançou uma consulta pública para discutir com a sociedade e o setor de comunicação novos critérios para a contratação de publicidade institucional em sites, blogs e portais digitais. O desafio é crescente para que a comunicação pública seja instrumento de acesso e inclusão, como tem pontuado o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Sidônio Palmeira. Concluída na primeira semana de maio, a consulta pública de Alagoas convidou cidadãos, veículos de comunicação, órgãos de fiscalização como o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas, entidades representativas (Sindicato dos Jornalistas, Abap, IAB Brasil, Abradi), além de especialistas e acadêmicos da comunicação pública e digital, a participar do debate. 

Queremos, de forma colaborativa, construir práticas mais transparentes, democráticas e sintonizadas com as dinâmicas digitais contemporâneas. São medidas que dialogam com debates nacionais em curso, como os realizados no Fórum Nacional das Secretarias Estaduais de Comunicação e nas articulações com a Secom da Presidência da República. Mais que um projeto local, a iniciativa de Alagoas é, portanto, um convite à reflexão coletiva para a modernização e o futuro da comunicação pública nesse novo ecossistema informacional.

*Wendel Palhares é secretário de Comunicação do governo de Alagoas

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