Tensão com EUA vira oportunidade política para Lula, diz especialista

A recente declaração do senador republicano Marco Rubio, de que os Estados Unidos avaliam aplicar sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, com base na Lei Global Magnitsky, gerou uma nova tensão diplomática entre Brasil e EUA. Segundo Rubio, Moraes teria praticado censura e violado direitos de opositores políticos, o que, segundo ele, justificaria uma resposta do governo norte-americano. O episódio agora desafia o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a definir sua posição diante do caso.

Possível reação de Lula e narrativa institucional

Para o analista de economia e política Miguel Daoud, o episódio pode ser politicamente explorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como forma de se posicionar como defensor da soberania nacional.

Lula tem uma oportunidade de vestir o figurino de chefe de Estado e não de líder de facção. Defender a independência dos Poderes e a autonomia do país contra qualquer ingerência externa pode dar a ele o discurso que vem faltando nos últimos meses”, afirma Daoud.

Ainda segundo o analista, mesmo com críticas internas ao STF, a ofensiva vinda de fora cria espaço para uma narrativa institucional mais ampla, com potencial para gerar apoio até entre grupos mais moderados do centro político.

Riscos de associação direta com Moraes

Apesar do possível ganho simbólico, Daoud alerta que Lula precisará calibrar o tom do discurso para evitar que sua defesa seja vista como um gesto de blindagem pessoal ao ministro Alexandre de Moraes.

O risco aqui é confundir defesa da soberania com defesa de uma figura específica que já é alvo de questionamentos. Se Lula errar a mão, pode parecer que está tentando proteger Moraes politicamente em vez de defender o país”, avalia.

Lula diante do desafio diplomático e da Lei Magnitsky

A Lei Global Magnitsky permite aos Estados Unidos sancionar autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos. Caso o governo americano avance nesse caminho, caberá ao Itamaraty articular uma resposta diplomática — e ao Planalto, decidir o tom político.

Para Daoud, o governo precisa se posicionar de forma técnica, sem alimentar antagonismos desnecessários com Washington.

É preciso que o governo brasileiro se manifeste institucionalmente, com firmeza, mas sem confronto ideológico. Essa é uma crise que exige cabeça fria”, pontua.

Lula pode reverter desgaste político, mas com cautela

Para o analista, embora a crise tenha potencial para elevar a autoridade simbólica do presidente, ela também representa riscos se for mal conduzida.

Esse episódio pode funcionar como um divisor de águas. Se Lula souber conduzir, pode transformar uma ameaça externa em capital político interno. Mas se errar, reforçará a percepção de que está usando a máquina do Estado para proteger aliados”, conclui Daoud.

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