Hotvips fatura alto com cucks

O Hotvips, uma plataforma de conteúdo adulto, fechou o ano passado com um faturamento de R$ 6 milhões, uma alta de 27% frente a 2024. 

O valor não chega a ser enorme, mas é chamativo tendo em conta que Hotvips é um negócio muito nichado, tendo entre seus principais públicos a “comunidade cuckhold”.

Os chamados “cucks” são na maioria dos casos homens que tem um fetiche de ver sua mulher fazer sexo com outro homem, muitas vezes envolvendo dinâmicas de humilhação erótica. 

Em português claro, ainda que talvez não totalmente apropriado para um site de família, os cucks são homens com fantasia de corno. 

O Hotvips agrega uma dimensão digital para o fetiche, funcionando como uma espécie de Onlyfans segmentado para criadores de conteúdos com nomes como Morena (Casal Coma minha Gata), Loira do Corno, Kriss Hotwife e Dessinhawife.

Segundo a Hotvips, “centenas de pessoas” faturam mais de R$10 mil por mês no site, enquanto o top 5 ultrapassa a marca de R$ 35 mil mensais. 

Como outras plataformas, a Hotvips fatura com comissão dos criadores e venda de funcionalidades extra, o que já trouxe R$ 17 milhões, quando o negócio foi fundado com o nome Bupee.

“Queremos estar cada vez mais próximos de quem confia em nós para vender conteúdo e garantir uma renda extra. Promovemos segurança e lucro para quem está conosco, cuidamos de cada um individualmente para que tenham uma experiência tranquila e positiva ao se aventurar neste universo”, diz Mayumi Sato, CMO da Hotvips. 

Sato trabalha na empresa há 10 anos e fez carreira na área de marketing digital depois de sair da Stefanini em 2009. 

Ela é a cara mais visível da empresa e uma das organizadoras do Sex Summit, o maior evento do Brasil para o nicho sextech, realizado em São Paulo desde 2023 e com 6 mil visitantes na última edição. 

Parte do sucesso do Hotvips vem do fato da empresa ter uma “parceria estratégica” com o Sexlog, uma rede social que tem entre seus públicos casais praticantes de swing, ou troca de canais.

Fundado em 2004, o site já ultrapassou 22 milhões de usuários cadastrados, consolidando-se como referência na América Latina nesse segmento. 

Os dois negócios são da eSapiens, uma empresa de Bauru que curiosamente também tem um site focado em astrologia e cujos donos preferem não aparecer (o que é um pouco a regra no nicho como um todo). 

Assim, o Hotvips está firmemente ancorado no universo onde está o seu público alvo e deixa claro que a é um negócio é conteúdo explícito, ou, nas palavras da empresa, “conteúdos que ajudem a desconstruir preconceitos sobre fetiches e fantasias, especialmente entre casais”. 

É uma estratégia diferente da usada pela Privacy, uma outra startup brasileira com o mesmo modelo de negócio, que vem buscando se posicionar como um ambiente neutro para todo tipo de criadores, nos moldes do que também tenta fazer a OnlyFans, o grande benchmark.  

Vale destacar que a Privacy afirma ter 400 mil influenciadores, uma audiência de 50 milhões de usuários cadastrados e quase 3 milhões de acessos diários. 

Ambos empalidecem frente ao OnlyFans, que tem alcance mundial e  registrou um lucro de cerca de US$ 485,5 milhões no ano encerrado em 30 de novembro de 2023, um aumento de 20% em relação ao ano anterior.

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