Dependência do agro e da China expõe riscos à economia do Brasil

O recente avanço do IBC-Br, indicador de atividade econômica calculado pelo Banco Central, refletiu a força do agronegócio na economia brasileira. No entanto, essa mesma força gera preocupação. Para o economista VanDyck Silveira, o Brasil está cada vez mais dependente do campo para sustentar o Produto Interno Bruto (PIB), o que representa um risco estrutural para o país.

Se não fosse o agro, o Brasil nem estaria no mapa das nações”, afirmou. Segundo ele, o setor rural é responsável por manter o país em destaque internacional, mas a concentração de esforços nesse único motor pode se tornar um problema grave, especialmente diante de choques climáticos e flutuações da demanda externa.

Falta de indústrias com valor agregado no Brasil

Silveira destaca que, além da agroindústria, apenas a Embraer representa um setor com tecnologia de ponta e liderança internacional. “O Brasil não tem uma única indústria de destaque fora o agro e a aviação”, diz. Para ele, essa limitação enfraquece a capacidade de o país gerar inovação e ampliar sua competitividade global.

A Embraer, mesmo diante de gigantes como Boeing e Airbus, conseguiu se posicionar como a terceira maior fabricante do mundo. “É uma joia brasileira. Aprendeu a gerar valor em uma indústria altamente concorrida”, afirma o economista.

Outro ponto de preocupação é a concentração das exportações brasileiras na China. Atualmente, cerca de um terço de toda a pauta exportadora do país tem como destino o mercado chinês. “Se a China tiver uma dor de barriga, o Brasil pega pneumonia”, resume Silveira.

Apesar de o Brasil manter uma relação comercial sólida com o país asiático, o economista destaca que a dependência é malvista até mesmo por Pequim. “Se eu não posso viver sem você, eu tenho um problema – e a China sabe disso. Isso preocupa o Partido Comunista Chinês.”

Brasil precisa diversificar e inovar

A solução, segundo Silveira, está na diversificação produtiva e na abertura da economia. Ele defende o fortalecimento de centros de pesquisa e inovação, citando a Embrapa como exemplo de sucesso que deveria ser replicado. “Deveríamos ter 20 Embrapas, inclusive privadas, competindo entre si.”

Ele também aponta que o Brasil já demonstrou capacidade de transformação no agro por meio da tecnologia, mas que não pode se acomodar. “Hoje somos os mais eficientes na produção agrícola, mas não podemos sentar nos louros. Precisamos aprender a agregar valor em outras frentes.”

O avanço do agro e da Embraer revela o potencial brasileiro, mas também expõe seus limites. Para VanDyck Silveira, o Brasil só deixará de ser uma “grande fazenda” se investir de forma consistente em novas cadeias produtivas. “Enquanto não aprendermos a fazer o que outros fazem bem, vamos continuar vulneráveis. O país precisa de um projeto industrial claro e duradouro.”

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