Opinião: Lula pode dar mais uma guinada à esquerda com Boulos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito em 2022 defendendo uma frente ampla de partidos contra o oponente Jair Bolsonaro. Em maio de 2025, no entanto, vê-se com clareza que esse discurso foi uma farsa eleitoral. Um rumor, que começou há um mês, ganhou força nos últimos dias e dá como certa a nomeação de Guilherme Boulos para a Secretária-geral da República, hoje ocupada por Mauro Macêdo.                                                                                                                                  

Uma eventual nomeação de Boulos vai colocar por terra a tese da frente ampla e mostrar que o verdadeiro núcleo do governo é esquerdista até o último fio de cabelo. Comenta-se que a condição para que o deputado federal vire ministro seria não se candidatar às próximas eleições. Isso seria uma forma de conseguir algum tipo de apoio junto aos petistas de São Paulo, que em tese disputam a mesma faixa de eleitorado.

Para o PSOL, partido de Boulos, é uma notícia ruim, uma vez que o deputado federal é um tradicional puxador de votos junto ao eleitorado de esquerda. Para se ter uma ideia, ele teve mais de um milhão de votos. Na sua sigla, a segunda colocada foi a deputada Erika Hilton, com um quarto de sua votação.

Na direita, foram poucos os que acreditaram na veracidade de uma frente ampla. Mesmo assim, um grupo considerável de deputados e senadores conservadores aderiram ao governo, mas não assinaram um certificado ISO 9002 e de fidelidade. Por isso, houve várias traições no Congresso ao longo deste ano e do passado.

Lula parece ter percebido que o Centrão vai examinar seus pedidos na base do caso a caso. Sua popularidade já não era grandes coisas até o final de maio, mas ensaiava uma retomada até que veio o escândalo dos descontos indevidos nas contas de aposentados e pensionistas do INSS.       Resultado: a desaprovação do governo voltou a se elevar, apesar dos esforços do Planalto em divulgar que o esquema foi criado na época em que Bolsonaro foi presidente (isso, diga-se, é verdade; mas os volumes desviados cresceram geometricamente durante o governo Lula.

Com Boulos no ministério, Lula lança uma cartada ousada e arriscada: ele planeja dar uma guinada maior à esquerda e tentar capturar votos do centro contando com a rejeição ao bolsonarismo. O tiro pode sair pela culatra, especialmente se Bolsonaro não sair candidato – o mesmo valendo para um dos membros da família do ex-presidente, como Michelle ou Eduardo.

A mensagem que Lula passará ao empresariado é a de que este (pelo menos em sua reta final) é um governo raiz de esquerda. Resta saber, agora, se esse esquerdismo raiz ficará restrito à abordagem dos projetos sociais ou se vai invadir a seara do ministro Fernando Haddad. Se o intervencionismo estatal virar a regra nestes estertores finais de Lula, a economia irá sofrer – e muito. Portanto, é melhor preparar os seus cintos de segurança: Boulos no governo pode ser o prenúncio de outras mudanças.

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