Varredura, pó de borracha e banho: documentos congelados após enchente no RS passam por restauração em SC


Um ano após desastre gaúcho, processo começa. Livros raros e documentos históricos foram congelados e trazidos para UFSC como forma de preservação. Laboratório da UFSC recupera documentos congelados após enchente no RS
Um ano após a enchente que deixou um rastro de destruição no Rio Grande do Sul, livros raros e documentos históricos que haviam sido congelados depois do desastre começam a ser restaurados em Florianópolis. O objetivo é recuperar esse material para depois devolvê-lo ao estado vizinho.
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Entre abril e maio do ano passado, o Rio Grande do Sul sofreu uma das maiores enchentes da história do estado. Mais de 2 milhões de pessoas foram atingidas pelo desastre ambiental.
Além das milhares de casas que foram prejudicadas, um pedaço da história gaúcha quase se perdeu. Isso porque bibliotecas, museus e acervos ficaram debaixo d’água. Diversos documentos foram perdidos.
Parte do que foi salvo do Museu de Igrejinha e da Biblioteca Pública de Camaquã foi congelado. O trabalho de recuperação é feito pelo Laboratório de Conservação e Restauração da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
“Isso faz com que o documento permaneça da forma como está no momento do congelamento. Se ele está molhado, ele vai permanecer molhado e aí, obviamente, com temperaturas abaixo de -20ºC, que é o que se indica, não se proliferam fungos, micro-organismos, bactérias”, explicou o coordenador do laboratório, professor Cezar Karpinski.
Em setembro do ano passado, esses documentos chegaram à Universidade Federal de Santa Catarina. Vieram em um transporte refrigerado, envoltos em sacos plásticos.
🥶Os papéis permaneceram congelados durante todo o mês de outubro. Foi entre novembro e dezembro que começou o descongelamento e a secagem.
“Nesse momento, foram contabilizados em torno de 7 mil folhas somente de partituras do Museu de Igrejinha, que vão precisar passar por todo o tratamento de restauração. Além disso, nós temos 32 livros raros, que ainda não foram iniciados o tratamento, e o acervo de Camaquã , ainda que não iniciamos nem a parte de contabilização”, declarou o coordenador.
Documentos congelados vindos do RS passam por restauração na UFSC
Reprodução/NSC TV
Processo de restauração
Uma das etapas mais importantes do processo de restauração desses documentos é a higienização. É um trabalho extremamente minucioso e que é dividido em diferentes fases, começando com a higienização mecânica.
“É o momento em que a gente pode verificar a sujidade, verificar a quantidade de folhas rasgadas, deterioradas que o documento tem. O primeiro contato é o de varredura de todos os excrementos e todos os detritos que a gente encontra no livro”, explicou a doutoranda em Ciência da Informação pela UFSC Rita de Cássia Castro da Cunha.
O segundo passo, é com pó de borracha. Já é mais minucioso, não vai arrastar detritos e é para limpar a sujeira em cima do documento.
“O outro procedimento que a gente faz é o procedimento de higienização ocosa. Então a gente submete o documento a um banho para que saiam todos os detritos que não saíram ainda na primeira e na segunda higienizações”, explicou a doutoranda.
Documento passa por processo de ‘banho’ durante restauração em laboratório da UFSC
Reprodução/NSC TV
O processo segue em andamento e a expectativa é que 98% desses documentos sejam restaurados. Depois de passar por todas as etapas, esse material será devolvido em uma caixa.
O coordenador falou sobre a importância desse projeto de restauração. “É um avanço para as políticas de gestão de patrimônio, é um avanço no conhecimento de técnicas que podem salvar documentos. É um avanço científico aqui para a universidade por conta de todas as análises que nós vamos fazer, análises instrumentais”.
Após restauração, documentos recuperados na UFSC serão devolvidos ao RS
Reprodução/NSC TV
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