Cão de rua segue casal de corredores por 15 km em Araçatuba, ganha nome de atleta e viraliza: ‘É de outro mundo’


Magro e faminto, cachorro caramelo surpreendeu namorados e acompanhou treino para maratona do começo ao fim, na manhã do dia 11, em Araçatuba (SP). Ele foi batizado de Kipchoge. Vídeos da cena inusitada bateram um milhão de visualizações no perfil da estudante. Cachorro de rua acompanha corrida de 15 km de namorados e ganha lar provisório
Ao sair para correr, na manhã do domingo, dia 11 de maio, a estudante de nutrição Maitê Martins, de 23 anos, e o namorado dela foram surpreendidos por um cachorro caramelo magro e faminto, que os acompanhou durante todo o trajeto de 15 quilômetros até retornarem para casa, em Araçatuba (SP).
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A inesperada cena, filmada várias vezes e postada pela estudante nas redes sociais, bateu mais de um milhão de visualizações, e ainda rendeu ao animal um lar provisório e o carinhoso nome de Kipchoge, em referência ao fundista queniano bicampeão olímpico e campeão mundial.
Maitê Martins é seguida pelo cão caramelo, durante o treino para maratona, realizado no dia 11, em Araçatuba; animal foi adotado provisoriamente e ganhou nome de Kipchoge
Maitê Martins/Arquivo pessoal
Maitê agora se vê diante do dilema: procurar um tutor para Kipchogue ou adotá-lo definitivamente para se somar a outros dois cães que os namorados mantêm em casa. Se seguir o coração, a estudante fica com caramelo.
“Sempre interajo com os cães na rua, mas desta vez foi diferente. Senti desde o começo. Foi algo que me tocou muito. Se for para Kipchogue ser meu, vai ser”, declara Maitê, em entrevista ao g1.
Maratona
A estudante e o namorado, Angel Gabriel, de 22 anos, praticam triatlo há um ano e meio, mas ultimamente focaram na corrida, dispostos a participar da maratona internacional de Florianópolis (SC), marcada para o final de agosto.
No dia 11, saíram para o treino às 7h33, a caminho do Aeroporto de Araçatuba, pela via Olegário de Ferraz, muito utilizada para atividades físicas.
Maitê e o namorado Angel Gabriel durante a corrida de 15 km (esq.) pela região do Aeroporto de Araçatuba, onde fizeram uma pausa (centro), sempre acompanhados pelo cão, que ao final permaneceu no portão da casa (dir.)
Maitê Martins/Arquivo pessoal
Exatamente às 7h37, Kipchoge apareceu na vida de Maitê e Angel. “Eu vi no relógio, porque chamou muito a atenção”, disse ela, ao g1. A princípio, eles acharam que o animal poderia atacá-los, mas logo perceberam que ele buscava companhia. Maitê começou então a filmar com o celular.
“Corremos 7 km. No aeroporto, fizemos uma pausa, fomos ao banheiro. E o cachorro ficou na porta esperando. Depois compramos um salgado e demos uns pedaços para ele comer”, conta Maitê.
Os namorados retomaram o treino, e o cão continuou correndo atrás. Em um dos vídeos gravados, Maitê e Angel se impressionam com o desempenho do vira-lata e ela resolve chamá-lo de Kipchoge, o atleta queniano destaque em provas de longa distância.
“Em nenhum momento da corrida, o cão demonstrou cansaço, não ficou arfando, ou com a língua para fora, como geralmente acontece. Foi impressionante”, lembra a estudante.
A cena chamou a atenção de outras pessoas. Uma mulher que passava de carro ajudou o casal com uma porção de ração para o cão. Ao término do treino de 15 quilômetros, de volta para casa, os namorados observaram o cachorro caramelo permanecer do lado de fora diante do portão, uivando e choramingando.
“Kip ficou desesperado. De tão magrinho, tentou passar pelo portão, mas o osso do quadril não deixou”, conta Maitê.
Lar provisório?
A solução do casal foi abrigar Kip, ainda que provisoriamente. A estudante tem um dachshund (salsichinha) e, o namorado, um labrador.
“Adotar um animal quando não se está esperando é complicado, porque significa adotar uma vida. Mas senti uma ligação muito forte com Kip. O coração vai dizer se adotá-lo é o mais certo”, comenta a estudante.
Os vídeos foram postados nas redes sociais, em busca de algum interessado, e logo viralizaram. “Tomou uma proporção absurda na internet. Tive mais de um milhão de visualizações”, diz ela.
De acordo com Maitê, os comentários são os mais variados, desde os que sugerem uma vaquinha para cuidar do animal até os que a pressionam para que fique com ele.
“Até aceito doação de ração, mas não acho certo nenhuma vaquinha”, explica. “Apareceu uma pessoa querendo levá-lo para uma chácara, mas, por tudo o que passou, Kip merece um lar mais confortável”, completa.
Doença do carrapato
Um dia após a corrida e um lar temporário, o cachorro passou por consulta em uma clínica veterinária, onde foi diagnosticado com a doença do carrapato, além de estar desnutrido e desidratado. O tratamento já começou.
“A veterinária disse que não sabe como Kip conseguiu correr tudo isso estando doente e desnutrido. Foi algo de outro mundo mesmo”, revela Maitê.
Kip também recebeu cuidados em um pet shop ao estilo spa. Segundo a estudante, ele tomou banho, ficou sob luz azul e com música. “Agora está todo bonitão”, finaliza.
Kip foi levado para consulta em veterinária (esq.), em Araçatuba, e recebeu banho e outros cuidados em pet shop, depois de seguir casal de corredores por 15 km
Maitê Martins/Arquivo pessoal
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