AWS: estados também precisam isentar impostos para data centers

Paulo Cunha, líder de setor público da AWS no Brasil, aprovou a Política Nacional de Data Centers apresentada recentemente pelo governo federal, mas disse que espera mais: ainda falta uma equalização tributária em todos os estados brasileiros.

“O desafio desse novo programa é a federação. No governo federal, os impostos de importação, de indústria e isenções são absolutamente bons. Quando vamos para o nível estadual, ainda precisamos negociar. Nós esperamos que todos os diferentes estados tenham o mesmo que vemos na política federal. Isso realmente beneficiará a indústria”, declarou Cunha.

Hoje, a AWS tem apenas uma região de nuvem no Brasil, que é a região América do Sul, localizada em São Paulo. Existente desde 2011, ela oferece três zonas de disponibilidade, que são data centers fisicamente separados.

Além disso, a companhia tem cinco pontos de borda (edge locations) no país, localizados em São Paulo e Rio de Janeiro.

Por enquanto, a AWS não divulgou planos de novos data centers no país, mas segundo o executivo, um projeto desses precisa de uma visão de longo prazo.

“Se você não tiver clareza de como vai lidar com seus impostos em 10 anos, você provavelmente não vai fechar o seu projeto. A boa notícia é que o anúncio nos deu uma visão a longo prazo. Isso é ótimo. Nós precisamos, a nível dos estados, fazer exatamente o mesmo”, reforçou Cunha.

Na prática, a política que ainda deve ser lançada oficialmente antecipa os efeitos da Reforma Tributária, desonerando os investimentos no Brasil no setor. Isso inclui zerar os impostos de importação para a compra de bens e de exportação de serviços.

Para o líder da AWS, a isenção de impostos federais ajuda, mas, definitivamente, não é a última parte. A dinâmica é outro grande desafio.

“Nos próximos três ou quatro meses, vamos precisar importar muito. Nós importamos quase toda semana. Tentamos sempre expandir e substituir. E esses computadores substituídos precisam ser exportados ou descartados de uma maneira ecológica. É uma coisa tão louca que poucas empresas do mundo conseguem fazer. Se você não tiver uma maneira clara de fazer isso, você não pode sustentar o texto base que você está discutindo”, destaca Cunha. 

CADEIA PRODUTIVA DA IA E PROPRIEDADE INTELECTUAL

Segundo o executivo, outro ponto que precisa ser pensado é a cadeia de produção da inteligência artificial.

“Todos falam sobre IA. Nós discutimos os direitos de imagem, de dados pessoais, mas não a cadeia de produção da IA no país. Se não cuidarmos dela da forma certa, não poderemos produzir bons resultados. E o data center é uma peça importante. Se você não tiver uma legislação muito boa que proteja as empresas e os usuários, você pode destruir toda essa bela política”, acrescenta Cunha.

Para o líder da AWS, uma boa notícia das novas políticas anunciadas é a proteção da propriedade intelectual.

“Nós desenvolvemos nossos computadores, chipsets, muitas coisas que não podemos dizer, ‘ok, vamos mostrar o que temos de diferente para obter isenções fiscais’. Existem limitações do que podemos fazer. Então essa nova política nos ajuda a ter um diálogo diferente. Não precisamos abrir nada e isso é um diferencial de mercado”, destaca Cunha.

No mercado há 19 anos, a AWS tem mais de 240 serviços a partir de 114 zonas de disponibilidade em 36 regiões geográficas.

Além disso, tem planos anunciados para 16 novas zonas de disponibilidade e mais cinco novas regiões no Chile, Nova Zelândia, Reino da Arábia Saudita, Taiwan e a Nuvem Soberana Europeia.

A companhia tem milhões de clientes no mundo, desde startups a grandes empresas e agências governamentais.

*Luana Rosales participou do AWS Public Sector Symposium, em Brasília, a convite da AWS.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.