Hidrocefalia descartada, versões da mãe e do padrasto: o que diz a PC sobre caso Rhavy

Os delegados Emanuel Rodrigues e Tacyane Ribeiro concederam entrevista coletiva, nesta quarta-feira, 14, na sede da Delegacia-Geral da Polícia Civil, em Jacarecica, para esclarecer pontos da investigação que levaram à prisão do padrasto de Rhavy Abraão Alves de Lima. O menino de apenas dois anos de idade foi encontrado morto dentro de casa, em Riacho Doce, bairro vizinho da Delegacia-Geral, no Litoral Norte de Maceió.

Emanuel Rodrigues afirmou que uma lesão na coluna do menino causou ruptura no fígado da criança, que morreu por hemorragia hepática. O TNH1 separou os principais trechos da entrevista coletiva com os delegados. Veja abaixo:

O que diz o padrasto?

DELEGADO: “Ele continua negando. Ele relata que estava dormindo e simplesmente acordou, quando viu a criança em óbito, tentou fazer respiração boca a boca e não teve êxito. Na residência, de pessoa adulta, tinha apenas ele. As outras duas crianças, que são filhas da genitora, é uma menininha de três anos e o irmãozinho da vítima, de apenas seis anos. Não havia outras pessoas. Até o questionei se alguém poderia alguém ter entrado na casa, ele disse que não, porque tem cachorro na residência dele e não seria possível alguém ter acesso. E ele não sabe justificar o porquê da criança aparecer morta e com uma grave lesão hepática que causou hemorragia interna”.

O que a mãe disse?

DELEGADO: “A mãe comentou sobre o relacionamento, disse que estavam juntos há cerca de sete meses. Que nunca constatou agressão contra as crianças e nem contra ela. Ela comentou que ele (padrasto) cuidava bem delas, mas não tinha um contato tão amoroso como o pai, até pelo caso do pouco tempo que tinha, mas ela comentou que nunca presenciou nenhuma agressão ou correção exagerada por parte do padrasto.

“Ela comentou que, de vez em quando, ele ficava (tomando conta dos meninos), porque ela trabalhava em restaurante, mas nunca constatou nenhuma atitude agressiva ou violenta contra os filhos dela, nem mesmo de forma verbal”.

Não foi morte natural ou decorrente de doença, crava delegado

DELEGADO: “Em conluio com os médicos legistas, por meio do laudo, foi constatado que a criança foi vítima de agressão. E não foi uma morte natural ou decorrente de uma doença. Inicialmente estava se levantando (a hipótese), porque a mãe tinha levado a criança para duas UPAs, suspeitando de uma possível hidrocefalia, mas essa situação foi descartada pelo médico legista. Ele confirmou que o óbito foi decorrente de traumatismo hepático produzido por ação de instrumento contundente. Instrumento que pode ser um coice, uma paulada ou qualquer outro que, infelizmente, não tem como atestar.

A prisão em flagrante

DELEGADO: “Dessa forma, após o depoimento da mãe, que constatou na noite anterior que a criança não tinha lesões, e o padrasto, que estava sozinho com a criança quando a acionou, a criança apresentava essa lesão na coluna e ele não sabe como justificar, realizei a prisão em flagrante dele e o encaminhei ao Poder Judiciário para as medidas cabíveis”.

A mãe está sendo investigada?

DELEGADO: “A princípio, pelo que temos até o momento, ela não teve participação. Só apuramos a situação do padrasto, que acionou a mãe e constatou esse óbito, por uma morte extremamente violenta”.

Menino tinha pequenas lesões na cabeça

DELEGADO: “Na autópsia da criança, o legista verificou a cavidade craniana e não constou nada referente a essa possível hidrocefalia ou coisa do gênero. Ele encontrou algumas lesões na cabeça. Pequenas equimoses no couro cabeludo, que na hora não era visíveis, por ação contundente. Ou seja, por ação de choque, alguma batida na cabeça. A criança apresentava três pequenas lesões na cabeça, de equimose por ação contundente, e nada relacionada a hidrocefalia, como a mãe relatou”.

O irmão de 6 anos será ouvido pela polícia?

DELEGADO: “É possível, mas aí temos que encaminhar para um setor responsável da PC, que realiza essa escuta especializada de criança, junto ao psicólogo”.

As outras crianças tinham lesões? É possível que o menino de 2 anos pudesse ter gritado?

DELEGADO: “As outras crianças não apresentavam lesão no corpo. […] O trauma desse monte talvez não tivesse nem capacidade da criança pedir socorro, já que um menino de apenas dois anos de idade tem o corpo frágil”.

Assista à entrevista:


O caso – O menino Rhavy Abraão Alves de Lima, de apenas dois anos de idade, foi encontrado morto dentro de casa, na manhã dessa terça-feira, 13, no povoado Boca do Rio, em Riacho Doce, bairro do Litoral Norte de Maceió. A mãe da criança pediu ajuda a policiais militares que passavam pela região e informou que filho havia morrido.

Em reviravolta nesta quarta-feira, 14, a Polícia Civil de Alagoas informou que o padrasto do menino foi preso em flagrante. Uma lesão nas costas da criança foi identificada durante a autópsia e indicou hemorragia hepática como causa do óbito. Como o padrasto era o único adulto em companhia do menino no momento da morte e não soube explicar o que aconteceu, a polícia o prendeu como principal suspeito. O homem nega as acusações, segundo o delegado.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.