Fim de ciclo de alta nos juros pode ter sido precipitado, alerta economista

A decisão do Banco Central de sinalizar o fim do ciclo de juros elevados no Brasil pode ter sido prematura, segundo o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Em entrevista à BM&C News, ele afirmou que, com a taxa Selic mantida em 13,75%, a autoridade monetária corre o risco de não conseguir trazer a inflação de volta ao centro da meta até o fim de 2026.

Quando o Banco Central aceita uma inflação projetada de 3,6%, acima da meta de 3%, e mantém os juros nesse patamar, ele reduz a margem de segurança e aumenta a chance de descumprimento da meta”, disse Agostini.

Juros reais precisariam ser mais altos

Segundo cálculos da Austin Rating, para que a inflação convergisse para o centro da meta até o horizonte relevante — final de 2026 —, seria necessário elevar os juros para algo próximo de 16% ao ano. Agostini argumenta que a justificativa técnica usada pelo BC, baseada no impacto defasado das elevações anteriores, não é suficiente para conter as pressões inflacionárias atuais.

O efeito defasado dos juros realmente existe, mas não terá força para conter a inflação, principalmente com o governo mantendo uma política fiscal expansionista”, alerta.

Política fiscal agrava o cenário de juros

O economista também criticou o cenário fiscal, que, segundo ele, está em desacordo com a atual política monetária. A tentativa do governo de ampliar isenções — como a promessa de zerar o imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil — sem indicar fontes de compensação, gera desconfiança no mercado e pressiona os juros futuros.

Com a admissão de que não há verba para bancar essa renúncia, já se cogita um novo imposto de 10% para quem ganha acima de R$ 100 mil. Isso mostra que o governo está em dificuldade para fechar as contas, o que impacta diretamente a política de juros do Banco Central”, afirmou Agostini.

Nova carta à vista?

Com uma inflação que pode ultrapassar o teto da meta ainda em 2025, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, poderá ter que escrever uma nova carta ao Ministério da Fazenda explicando o descumprimento da meta. Em ocasiões anteriores, esse tipo de carta reforçava o compromisso com juros altos como ferramenta de controle inflacionário.

Agora, no entanto, a sinalização é de uma postura mais branda. “O tom do Banco Central mudou. Está mais ‘dovish’, menos rígido com os juros, e isso pode afetar sua credibilidade no médio prazo”, concluiu Agostini.

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