Menino é diagnosticado com condição comum em idosos com apenas 1 ano

Quando Stuart Harley, de Stirling, na Escócia, cuidava do filho pequeno, Rox, notou que um de seus tornozelos ficou repentinamente inflamado. “Rox andou cedo, estava sempre em movimento”, disse. “Então, quando ele tinha cerca de 1 ano e meio, notamos que seu tornozelo esquerdo estava inchado. Ele passou a mancar”, lembra. A mãe de Stuart procurou atendimento e os médicos, inicialmente, pensaram que a causa poderia ser uma infecção. “No início, nos perguntamos se ele havia torcido o tornozelo e, sendo tão pequeno, não sabia como descansar”, disse Stuart.

“Procuramos ajuda e Rox recebeu antibióticos para uma possível infecção logo no início, mas seu tornozelo voltou a apresentar problemas. Ficamos alternando consultas”, continua. Com os exames de sangue descartando causas mais comuns e o problema não melhorando, Rox foi encaminhado a um reumatologista, médico especializado em doenças que afetam articulações, músculos, ossos e tecidos conjuntivos. Para espanto de Stuart, seu filho pequeno foi diagnosticado com artrite. “Fiquei tão chocado”, disse ele. “Rox era tão pequeno, que não é a primeira coisa que você pensa”, completou.

A Artrite Idiopática Juvenil afeta 10.000 crianças no Reino Unido e causa dor, inchaço e rigidez nas articulações. Mancar e febre estão entre os sintomas a serem observados. Trata-se de uma doença autoimune em que o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente tecidos saudáveis, particularmente as articulações. As causas exatas do desenvolvimento de artrite em menores de 16 anos são desconhecidas, mas alguns pesquisadores acreditam que a genética pode ter um papel importante, tornando algumas crianças mais suscetíveis à doença do que outras.

Após o diagnóstico, Rox foi anestesiado e recebeu injeções de cortisona no tornozelo, proporcionando um alívio temporário da dor. Agora, com 3 anos, ele recebe injeções semanais de metotrexato, que desacelera o sistema imunológico e ajuda a reduzir o inchaço, e infusões mensais de infliximabe, um medicamento usado para tratar inflamações. “Estou tentando não ficar chateado, mas foi de partir o coração”, disse Stuart sobre ver seu filho ser sacrificado. “Rox está muito bem agora, mas foi muito, muito difícil”, lamenta.

Não existe um teste único para a doença, sendo o diagnóstico realizado por médicos por meio de um processo de eliminação. Em fevereiro, foi divulgado um relatório nacional sobre a qualidade do atendimento a crianças e jovens adultos que sofrem da doença, e a conclusão foi que um diagnóstico rápido se baseava “na sorte”.

O diagnóstico precoce é crucial para prevenir danos articulares, controlar os sintomas e alcançar a remissão, mas o relatório, encomendado pela Healthcare Quality Improvement Partnership, destacou a falta de conscientização entre os profissionais de saúde sobre a condição. A publicação do National Confidential Enquiry into Patient Outcome and Deaths (Inquérito Nacional Confidencial sobre Resultados e Mortes de Pacientes) constatou que menos da metade dos pacientes que seriam diagnosticados foram atendidos dentro das 10 semanas recomendadas, a partir do início dos sintomas. O período máximo de espera para um paciente foi de 175 semanas.

Em mais de um terço dos casos analisados, os encaminhamentos foram enviados para as especialidades erradas, com pacientes não diagnosticados frequentemente “oscilando” entre a atenção primária e várias especialidades e depois retornando à atenção primária antes de serem atendidos pelos serviços de reumatologia, informou a reportagem do site Mirror. “Encontramos a família de uma menina de 4 anos que estava passando pelo mesmo tratamento. Eles levaram dois anos para receber o diagnóstico”, disse Stuart. “Eu queria muito conscientizar a população, senti que precisava fazer algo”, completou.

Stuart completou a Maratona de Londres deste ano em 4 horas e 24 minutos, arrecadando mais de £ 3.000 (cerca de R$ 22 mil) para a instituição de caridade Versus Arthritis. “Eu queria mostrar ao Rox que tudo era possível”, disse ele. “A artrite agora faz parte da vida dele, ele toma seus remédios e se cansa”, disse. Muitos jovens portadores da doença podem apresentar bons resultados, com a artrite entrando em remissão, o que significa que os sintomas diminuem significativamente ou até mesmo desaparecem completamente. Para outros, podem ocorrer outros problemas de saúde, incluindo crescimento lento, osteoporose ou problemas cardíacos ou renais.

“Estou com um pouco de medo, só quero que as articulações do Rox fiquem bem e que ele consiga viver uma vida normal, sem dor”, disse Stuart. “Eu adoraria que ele corresse a Maratona de Londres um dia”, afirmou.

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