Powell evita sinalizar corte e diz que impacto das tarifas ainda não apareceu nos dados

Fed mantém juros entre 4,25% e 4,50% e reforça compromisso com controle da inflação e pleno emprego. O que esperar para as próximas.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira (7), após a decisão de política monetária do FOMC, que o banco central dos Estados Unidos manterá a abordagem cautelosa diante das incertezas provocadas pelas tarifas comerciais. A taxa básica de juros foi mantida entre 4,25% e 4,50%, e Powell evitou dar sinais sobre possíveis cortes no curto prazo.

Vamos esperar ter mais certezas para tomar uma decisão sobre juros”, afirmou Powell. “Estamos em uma boa posição para reagir [aos riscos]. Seremos pacientes.”

Segundo ele, embora o mercado de trabalho esteja próximo do pleno emprego e não represente uma fonte de pressão inflacionária no momento, as tarifas impostas recentemente elevaram as expectativas de inflação acima do previsto.

Se essas tarifas forem duradouras, elas provavelmente irão criar inflação”, alertou.

Efeitos ainda não aparecem nos indicadores

Powell destacou que o Fed ainda não vê, nos dados atuais, os efeitos das tarifas sobre a inflação ou o desemprego. No entanto, reconheceu que os impactos podem se manifestar por duas vias: um enfraquecimento da economia, com elevação do desemprego, ou um choque de preços.

Há muita coisa que não sabemos. Ainda não vemos nos dados um choque das tarifas. O efeito pode ser o enfraquecimento da economia ou a inflação. Ainda não está claro.

O presidente do Fed também relatou que empresas e famílias estão cautelosas e adiando decisões importantes, o que pode ser um sinal de que os efeitos das tarifas já começaram a afetar o sentimento econômico.

Se nada aliviar essas decisões, esperamos que isso eventualmente vá aparecer nos dados.

Fed descarta reação antecipada e destaca paciência

Powell reforçou que o Federal Reserve não irá agir de forma preventiva enquanto os efeitos das tarifas não estiverem evidentes nos indicadores. A estratégia, segundo ele, é aguardar sinais mais claros para ajustar a política monetária.

Há tempo para reagir antes de ajustar posições. Seremos pacientes.

Apesar disso, Powell admitiu que o cenário pode se tornar mais complexo se houver uma combinação de alta na inflação e no desemprego – algo que ele considera pouco provável.

Acho muito improvável que inflação e desemprego aumentem ao mesmo tempo. Isso não acontece há muitos anos nos Estados Unidos.

Análise: discurso confirma linha esperada pelo mercado

Para o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos, a coletiva de Powell não trouxe novidades relevantes e apenas confirmou o tom que os dirigentes do Fed já vinham adotando nas últimas semanas.

A entrevista foi totalmente em linha com o que o mercado esperava. Powell não traz grandes respostas e reforça que é preciso esperar os efeitos das tarifas nos dados para tomar decisões”, afirmou Cruz.

Ele destacou que, com mais de 40 dias até a próxima reunião do Fed, o desenrolar das negociações comerciais com países como a China será decisivo.

Se houver acordos, as expectativas de inflação podem recuar e facilitar o trabalho do Fed. Caso contrário, o banco central terá que observar se o impacto virá primeiro na inflação ou no desemprego.”

Cruz também comentou a fala de Powell sobre a baixa probabilidade de aumento simultâneo da inflação e do desemprego:

Ele respondeu que isso seria muito improvável, e de fato é algo que não acontece há décadas nos Estados Unidos.

FED mantém juros

A economista Isadora Junqueira, da AZ Quest, avaliou a decisão do Federal Reserve como uma sinalização de postura mais cautelosa, reforçada pela ausência de qualquer guidance sobre cortes de juros. Segundo ela, apesar do PIB negativo no primeiro trimestre, Powell atribuiu a fraqueza ao efeito temporário da antecipação de tarifas, reforçando a visão de que a economia segue sólida.

Ele não reconheceu desaceleração econômica e destacou que o mercado de trabalho permanece firme, com a inflação apenas um pouco acima da meta”, afirmou Isadora. Para a economista, o presidente do Fed deixou claro que o impacto das tarifas ainda não foi sentido nos dados concretos e que, por isso, o custo de esperar é baixo. Só haverá corte de juros, segundo ela, se houver deterioração nos indicadores reais, como aumento do desemprego ou queda significativa na criação de vagas.

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