Entenda como funcionam as portas automáticas das plataformas e dos trens do metrô de SP


O passageiro Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno morreu após ficar preso entre as portas por volta das 8h na Linha 5-Lilás do metrô, na estação Campo Limpo. Passageiro do Metrô de SP morre após ficar preso entre porta de plataforma e vagão
As portas automáticas das plataformas de trem e as dos vagões de metrô têm sensores de obstrução para evitar acidentes como o que causou a morte de um passageiro na Linha 5-Lilás, na Zona Sul da capital paulista, nesta terça-feira (6).
Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, de 35 anos, ficou preso no vão entre as portas da estação e do vagão e foi arrastado pelo trem da ViaMobilidade. Em março, uma mulher chegou a ficar prensada na Linha 2-Verde do Metrô, mas não se feriu porque o trem ficou parado.
Segundo os especialistas ouvidos pelo g1, as portas automáticas nas plataformas são automatizadas. Elas abrem e fecham em sincronia com as portas do trem, oferecendo segurança e organização no embarque e desembarque dos passageiros.
Antes do fechamento das portas, há um aviso sonoro. A porta de segurança da plataforma e a do trem têm sensores de segurança que detectam se foram fechadas corretamente. Quando elas não fecham por completo, o sensor acusa e as portas se abrem de novo – como se fosse uma porta de elevador. Neste caso, porém, de acordo com testemunhas, isso não aconteceu, e o trem seguiu viagem.
Portas automáticas instaladas na Linha 5-Lilás da ViaMobilidade.
Divulgação/Viamobilidade
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
No caso das linhas 4-Amarela e 5-Lilás, todas as estações possuem esse mecanismo desde a inauguração. Essas portas são instaladas nas plataformas para impedir a passagem entre a composição e a plataforma, criando uma barreira física que evita acidentes.
Segundo o engenheiro Peter Alouche, que trabalhou 35 anos no Metrô de São Paulo, as portas automáticas são dotadas de sensores de obstrução que detectam a presença de pessoas.
No caso da morte da Linha 5-Lilás nesta terça-feira (5), Alouche alerta que é preciso investigar se o sensor estava funcionando.
“As portas automáticas são avanços importantíssimos para a segurança dos passageiros. Elas funcionam em sincronização com o fechamento e a abertura das portas das locomotivas. Acontece que, infelizmente, em São Paulo, as pessoas não respeitam o apito de abertura e fechamento das duas portas. E isso é um perigo para a segurança de todos e do próprio sistema”, declarou.
“Mas uma questão fundamental é entender, no caso da Linha Lilás, se as portas estavam funcionando adequadamente e se os sensores estavam em perfeito estado”, declarou.
O especialista destaca que as condições de superlotação das plataformas são importantes também, porque, na visão dele, o empurra-empurra entre passageiros facilita acidentes que podem prejudicar o sistema.
“É maravilhoso que o sistema de metrô e trens em São Paulo esteja cheio e sendo usado por todos, porque é para isso que ele foi criado e precisa ser expandido. São Paulo está longe de ter a realidade de Tóquio, no Japão, onde agentes de segurança empurram passageiros para dentro das locomotivas. Mas, em caso de superlotação, a presença de agentes nas plataformas é importantíssima, para evitar esses acidentes que estamos vendo”, declarou.
“Infelizmente, a privatização do sistema de trens tem trocado a qualidade da operação pelo lucro. Nós quase não vemos mais a presença de seguranças em número suficiente para orientar os usuários em dias de falhas”, declarou.
O especialista em mobilidade Rafael Calábria corrobora a avaliação de Alouche e afirma que todas as linhas de metrô e de trem precisam investir na redução da superlotação e na contratação de mais empregados.
“As portas das plataformas são equipamentos que deveriam funcionar bem. Mas o episódio mostra que só infraestrutura e equipamento não resolve. Precisa trabalhar para reduzir as lotações, aumentar as frequências dos trens e ter equipe na plataforma sempre para cuidar dos passageiros”, afirmou Calábria.
“Acho que [o governo e as empresas] precisam trabalhar urgentemente para entender o gargalo das superlotações e responder mais rápido aos problemas. Equipes e frequência vão evitar que eventuais problemas [de equipamentos] não se transformem em fatalidades”, disse Calábria.
LEIA TAMBÉM:
Passageiro morre após ficar preso entre a porta do trem e a da plataforma da estação do metrô Campo Limpo, em SP
Semanas antes de passageiro morrer, mulher tinha ficado presa entre porta e vagão em outra linha do Metrô de SP
‘Todo mundo ficou desesperado e começou a chorar’, diz passageiro sobre homem que morreu após ficar preso entre portas do metrô
Passageiro fica preso entre a porta do trem da Linha 5-Lilás do Metrô e a porta da plataforma da estação Campo Limpo
Beatriz Backes/TV Globo
Plataforma lotada na estação Santo Amaro pouco antes das 8h desta terça-feira (6)
Hermínio Bernardo/TV Globo
Linha 5-Lilás opera com velocidade reduzida na manhã desta terça-feira; plataformas estão lotadas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.