Linhaça e amora podem ser aliadas naturais contra as consequências da menopausa, aponta estudo em MG


Suplementação feita com extratos de linhaça e amora mostraram resultados semelhantes aos efeitos do estrogênio para prevenir a perda da densidade óssea. Um estudo divulgado pela Universidade Federal de Lavras(Ufla) aponta que extratos de linhaça e amora podem amenizar uma consequência prejudicial da menopausa, a redução da densidade óssea.
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Essa diminuição pode acarretar em doenças que afetam diretamente a resistência dos ossos, como a osteoporose. Dados do Ministério da Saúde já revelaram que uma em cada três mulheres com mais de 50 anos pode ter a doença.

A osteoporose é uma doença que afeta os ossos, tornando-os frágeis e mais suscetíveis a fraturas
Getty Images
Atualmente, a reposição hormonal feita com estrogênio sintético é o principal tratamento para reduzir os sintomas e consequências da menopausa, o que ao mesmo tempo é controverso, visto que ele já foi relacionado ao câncer de mama.
Outras opções
Atento a essas questões, o professor do Departamento de Medicina da Ufla, Bruno Del Bianco Borges buscou alternativas naturais que pudessem auxiliar o público feminino nessa fase da vida, como explicou em entrevista ao g1.
“A linhaça possui diversos tipos de substâncias que são benéficas, que têm um poder antioxidante (…) e a gente sabe, por exemplo, no caso do osso, que a ação oxidante é um fator benéfico para a perda óssea. Já a folha de amoreira, a gente observou também, através até de colegas clínicos, vários relatos de mulheres que utilizam folha de chá da folha de amoreira e que demonstram empiricamente um efeito benéfico, principalmente na diminuição dos fogachos (calor), que é um sintoma bem comum da mulher na menopausa”, detalhou o professor.
Segundo o professor, apesar dos benefícios listados, as duas substâncias têm pouco estudo na literatura científica. Surgiu então a oportunidade de produzir o artigo “Extrato de linhaça e amora melhoram a qualidade do osso trabecular em ratos com deficiência de estrogênio”. O estudo foi publicado em fevereiro deste ano pela Climacteric, revista científica oficial da International Menopause Society (IMS) e contou com o financiamento das agências de fomento FAPEMIG e CNPq.
Linhaça foi um dos elementos naturais utilizados na pesquisa
Divulgação
O estudo
A pesquisa submeteu roedores à retirada dos ovários. Sete dias após o procedimento, os animais foram divididos em cinco grupos para que fosse feita uma análise do fêmur. Cada grupo recebeu apenas um dos compostos a seguir:
Solução salina (grupo de controle)
Extrato de folhas de amoreira e extrato de linhaça
Combinação dos extratos de linhaça e de folha de amoreira
Estrogênio
“Nós utilizamos mais especificamente a cabeça e o colo do fêmur, porque são regiões onde se demonstra maior perda óssea na mulher na menopausa. Tanto nessa região de cabeça de fêmur e colo de fêmur, quanto em vértebras lombares. A gente poderia ter utilizado também vértebra lombar, mas optamos por fazer apenas no fêmur. Tanto que isso é facilmente observado o quanto que se tem de fratura de cabeça de fêmur em mulheres na menopausa, é um número bem alto”, explicou Bruno.
Equipe do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Lavras (MG), conduziu estudo
Divulgação: Ufla
Passados 60 dias, a avaliação dos resultados nos animais que receberam a suplementação dos extratos de linhaça e amora, mostrou que:
A conservação óssea dos animais tratados com os extratos foi semelhante à dos tratados com estrogênio;
Os animais mostraram maior densidade e maior volume ósseo, além de menor porosidade em comparação aos animais tratados com solução salina;
Aumento das porcentagens de cálcio, fósforo e magnésio nos ossos dos animais;
Redução da perda óssea trabecular (parte interna do osso), sendo observada essa perda nos animais sem ação estrogênica e sem suplementação.
Próximos passos
Esse é apenas o começo de uma série de estudos que o professor Bruno Borges pretende fazer. Outras áreas do organismo feminino que também são afetadas pela deficiência de estrógeno na menopausa, como o sistema cardiovascular, já estão em pauta para a próxima fase.
“Os índices de aumento de pressão arterial, de problemas cardiovasculares aumentam muito na mulher nessa idade e nessa situação. Um objetivo de médio a longo prazo, ou de curto a médio prazo, melhor dizendo, é tentar verificar o efeito desse tipo de extrato que nós fazemos na universidade, que é um pouco diferente do que tem comercial, alguns óleos de linhaça. Então, a gente pretende fazer um estudo maior, um estudo clínico, para verificar se esse extrato também tem um efeito direto na mulher mesmo, na menopausa, e relatar e demonstrar quais são esses possíveis efeitos”, adiantou o profissional.
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