Centrais sindicais silenciam sobre ausência de Lula no 1º de Maio

Lula no 1º de Maio do ano passado discursou para menos de 2 mil pessoas, segundo a USP – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Um ano após discursar para menos de 2 mil pessoas no estacionamento da Neo Química Arena, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ficar em Brasília no Dia do Trabalhador. As centrais sindicais, porém, não comentaram sobre participação de Lula no 1º de Maio paulista.

Ao portal ND Mais, o Palácio do Planalto informou nesta quarta-feira (30) que “até o momento, não está prevista ida do presidente para atos em comemoração ao 1º de Maio”. Porém, nos bastidores, a ausência de Lula é dada como certa. O petista trocou a participação por um pronunciamento na TV.

Na terça-feira (29), Lula recebeu lideranças das centrais sindicais em Brasília. A pauta unificada das entidades inclui o fim da escala 6×1, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Na oportunidade, o presidente desconversou sobre a presença no 1º de Maio.

O ato unificado de cinco centrais sindicais, incluindo Força Sindical e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), irá ocorrer na praça Campo de Bagatelle, zona Norte da capital paulista, com shows e sorteio de carro. Pela primeira vez desde 2018, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), historicamente ligada ao PT, será apenas convidada e não uma das organizadoras.

Presidente Lula recebeu líderes das centrais sindicais em Brasília na terça-feira (29) – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Já o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e outras 24 entidades sindicais da região organizam um evento em São Bernardo do Campo, berço político do presidente, pela primeira vez em nove anos. Os dois atos esperavam a presença de Lula no 1º de Maio deste ano.

O petista participou de todos os eventos unificados das centrais sindicais (em 2020 e 2021 de forma virtual, devido à pandemia de Covid-19) desde que deixou a prisão em novembro de 2019.

Lula no 1º de Maio

A baixa participação popular no 1º de Maio de 2024, que reuniu menos de 2 mil pessoas, segundo estimativa do Monitor do Debate Político da Universidade de São Paulo (USP), fez com que o presidente criticasse publicamente o chefe da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo. Lula definiu o ato como “mal convocado”.

Pela primeira vez desde 2018, CUT não é uma das organizadoras do ato unificado das centrais sindicias – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

No mesmo evento, o presidente pediu votos para Guilherme Boulos (PSOL), então pré-candidato a prefeito da capital paulista. Os dois foram multados pela Justiça Eleitoral por propaganda eleitoral antecipada.

O temor de um novo ato esvaziado pesou na indefinição do petista, que enfrenta a pior taxa de aprovação de todos os seus mandatos e viu estourar um escândalo de fraude no INSS que a oposição quer transformar em CPI.

A reportagem procurou a Força Sindical e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sobre a ausência de Lula, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. O secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto, não quis comentar o assunto. A assessoria do Ministério do Trabalho e Emprego se limitou a informar que o ministro Luiz Marinho participará dos atos em São Paulo e São Bernardo do Campo.