Previdência privada vira necessidade e não opção, diz especialista

A sustentabilidade da previdência pública no Brasil está em xeque. Com projeções que apontam para um cenário de um contribuinte para cada aposentado até 2050, o modelo do INSS se aproxima de um ponto de desequilíbrio estrutural. Diante desse contexto, a previdência privada passa a ser não apenas uma opção, mas uma necessidade, segundo Fernando Brito, do Grupo Maldivas, em entrevista à BM&C News.

A conta não vai fechar. Em 1960, tínhamos oito contribuintes para cada aposentado. Em 2025, esse número já cai para dois. E em 2050, deve ser um para um”, afirmou Brito, citando dados do Ipea.

Como escolher entre PGBL e VGBL

De acordo com Brito, o primeiro passo para montar uma estratégia de previdência complementar é entender o próprio perfil fiscal. Quem declara o Imposto de Renda pelo modelo completo e contribui para o INSS pode optar pelo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre). Esse modelo permite o abatimento de até 12% da renda bruta anual da base tributável, oferecendo vantagem fiscal no curto prazo.

Já quem faz a declaração simplificada ou não contribui com regularidade para o INSS deve optar pelo VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Esse modelo não oferece abatimento na declaração, mas tributa apenas a rentabilidade no momento do resgate.

É preciso entender que no PGBL o imposto incide sobre todo o montante, enquanto no VGBL ele incide apenas sobre o lucro. Não é uma questão de certo ou errado, mas de adequação ao perfil”, explicou.

Tributação: progressiva ou regressiva?

Outra decisão relevante envolve a escolha do regime de tributação: tabela progressiva ou regressiva. A progressiva segue os mesmos moldes do Imposto de Renda tradicional, com alíquotas que vão de 0% a 27,5%. Já a regressiva parte de 35% e reduz 5 pontos percentuais a cada dois anos, chegando a 10% após 10 anos.

Até recentemente, a escolha feita no momento da contratação era definitiva. Agora, o cliente pode optar pela tabela mais vantajosa no momento do resgate, o que segundo Brito “eliminou uma armadilha comum para investidores mal orientados”.

Ainda vale a pena começar tarde?

Muitas pessoas acreditam que, por estarem próximas da aposentadoria, não faz mais sentido começar um plano de previdência. Brito rebate essa ideia. “Mesmo quem está mais próximo da aposentadoria pode usar a previdência como veículo de proteção e complementação de renda”, afirma.

Para esses casos, ele recomenda aportes mais significativos e alocações mais conservadoras, buscando estabilidade e evitando volatilidade nos últimos anos de acumulação. Além disso, destaca que a previdência permite simular renda vitalícia ou prazo certo, com possibilidade de reversão para herdeiros — diferenciais que os fundos de investimento tradicionais não oferecem.

Evolução do mercado: mais acessível e transparente

Brito lembra que o mercado de previdência privada passou por uma transformação nos últimos anos. “Antes, as opções eram limitadas, com taxas de carregamento elevadas. Hoje, você encontra produtos competitivos, sem taxas de entrada, e até com estratégias espelhadas de fundos tradicionais”, disse.

Segundo ele, é possível começar com valores baixos e distribuir os aportes entre diversos fundos, diversificando o risco. “A previdência deixou de ser um produto de prateleira dos bancos e passou a ser uma ferramenta de planejamento real, acessível a diferentes perfis de investidores.”

Estratégia inteligente e personalizada

Fernando Brito reforça que a previdência privada deve ser tratada como uma fatia da carteira de investimentos, e não como substituta total de outros produtos. “Dentro da previdência você pode dividir entre PGBL e VGBL, usar estratégias para abater imposto, ganhar eficiência fiscal e ainda planejar sucessão”, conclui.

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