Acnur e PAM anunciam cortes drásticos após perderem verba

O alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo GrandiANGELA WEISS

ANGELA WEISS

O Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) anunciaram reduções drásticas em suas atividades, a consequência mais recente dos cortes na ajuda internacional, principalmente na dos Estados Unidos.

Em mensagem enviada aos funcionários, à qual a AFP teve acesso, o PMA ressaltou que “a contribuição prevista para 2025 soma US$ 6,4 bilhões (R$ 32 bilhões), uma redução de 40% em relação ao ano passado”.

“Infelizmente, acreditamos que esta situação não vai melhorar. Portanto, dirijo-me aos senhores para mantê-los a par das medidas adicionais que devemos tomar para adaptar nossa força de trabalho a esta nova realidade financeira”, escreveu Stephen Omollo, vice-diretor-executivo da agência da ONU contra a fome, que tem mais de 23.000 funcionários, em 120 países.

“Chegamos à conclusão de que o PMA deve reduzir sua força de trabalho global entre 25% e 30%, o que poderia afetar até 6 mil postos, enquanto nos preparamos para fazer o nosso trabalho em 2026”, acrescentou Omollo. A mudança “afetará todos os níveis, regiões geográficas e direções do programa”.

O presidente Donald Trump vem cortando a ajuda externa dos Estados Unidos, o que afeta um grande número de agências e departamentos da ONU.

– Redução de atividades do Acnur –

O alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, expressou ao Conselho de Segurança seu medo de que, após uma revisão interna, a agência tenha que reduzir sua capacidade “em até 30%”.

Nos últimos anos, a contribuição americana representou cerca de 40% do orçamento do Acnur, com US$ 2 bilhões (cerca de R$ 12 bilhões) anuais, destacou. Em 2025, no entanto, o governo de Donald Trump desembolsou apenas cerca de US$ 350 milhões (R$ 2 bilhões).

“Se essa tendência continuar, não poderemos fazer mais com menos. Mas, como disse várias vezes, faremos menos com menos. Já estamos fazendo menos com menos”, lamentou Grandi.

O Acnur tem mais de 18 mil funcionários, em 136 países. Cerca de 90% deles estão em campo, segundo seu site.

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