Opinião: “é incompetência ou coisa pior”

O Jornal Nacional do último sábado mostrou que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, havia sido alertado há quase dois anos sobre os descontos irregulares praticados nos benefícios recebidos por aposentados do INSS. As fraudes, no entanto, só começaram a ser investigadas após de abril do ano passado, dez meses após o primeiro alerta. Neste período, o volume de descontos chegou a triplicar, atingindo a marca de R$ 250 milhões por mês. Ao todo, estima-se que o desvio total seja superior a R$ 6 bilhões.

As várias denúncias comprovadas de corrupção durante a Operação Lava Jato, muitas delas ligadas ao PT, pairam como uma nuvem pesada sobre o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Como é que um governo como o atual poderia ser leniente com alertas sobre um possível esquema de desvio de verbas?

Isso, por si só, já seria inadmissível. Mas imaginar que essa tungada foi praticada justamente em cima de aposentados que têm uma renda média de R$ 1.800 mensais nos centros urbanos brasileiros é algo revoltante. Por isso, a omissão do ministro é gravíssima. Só pode ser interpretada como incompetência ou coisa pior.

O governo Lula sofre um desgaste de imagem paulatino e constante – e muitos institutos de pesquisa mostram que a desaprovação do presidente Lula é maior que sua aprovação. Um escândalo como esse do INSS pode ser absolutamente mortal para as pretensões do PT, que deseja se manter no poder no pleito de 2026.

Lula, porém, já se safou de escândalos no passado – um exemplo foi o Mensalão, que arranhou sua imagem, mas não o feriu mortalmente, uma vez que o petista foi reeleito em 2006. Naquela época, entretanto, o presidente contava com uma popularidade crescente, ao contrário do cenário atual.

Esse tema deverá ficar muito tempo na mídia, até porque as investigações vão subir de patamar com os depoimentos dos seis suspeitos que estão na prisão. Os detentos devem abrir o bico, em troca de benefícios jurídicos, e ampliar o número de acusados.

Esse caso tem tudo para ter repercussão maior que o Petrolão. O esquema desmontado durante a Lava Jato saqueou uma empresa bilionária, a Petrobras, que é controlada pelo governo, causando prejuízo a seus acionistas. Neste episódio, contudo, o ludibriado foi o aposentado. Um indivíduo que faz verdadeiros malabarismos para sobreviver com o dinheiro que recebe e sentiu falta de cada centavo que foi surrupiado indevidamente de sua conta. Na escala Richter da imoralidade corrupta, esse golpe ganha nota 10.

É impressionante ainda saber que esse esquema existe há muito tempo dentro do INSS e que foi herdado de outros governos. Percebe-se, com esse caso, que o legado da Operação Lava Jato foi apagado completamente da memória dos mal-intencionados – em especial, na memória destes criminosos, que podem ter sido estimulados pela impunidade que se seguiu à anulação das penas impostas devido a questões jurídicas.

Até quando teremos que conviver com esse tipo de coisa em um país com tantas desigualdades como o Brasil?

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