Influenciador de São Gonçalo entra pra lista dos 10 maiores do país

Um celular, algumas ideias e nenhuma certeza. Assim começou a jornada de Matheus Machado, o Tettrem, direto de São Gonçalo para o topo da internet brasileira. O que antes era improviso virou estrutura: uma produtora, uma agência e um lugar na lista da revista Forbes como um dos 10 maiores criadores de conteúdo do país. O fenômeno das redes sociais bateu um papo exclusivo com o ENFOCO. 

Aos 23 anos, Tettrem comanda uma operação diária de vídeos que transitam entre o humor, a crítica social e o cotidiano das periferias. São cerca de 20 postagens por dia, sem filtros dourados ou locações luxuosas. A estética é crua, direta, com sotaque do subúrbio e vocabulário que atravessa as timelines de milhões.

O influenciador começou postando reações a vídeos virais. Aos poucos, criou um universo com amigos de infância e montou uma produtora para dar conta da demanda. O grupo viralizou com roteiros curtos e ideias que nascem em casa, no improviso e na observação de quem nunca se viu representado nas telas.

  • Mateus recebeu o Título de Personalidade Gonçalense

    Mateus recebeu o Título de Personalidade Gonçalense | Foto: Reprodução – Redes sociais
  • Influenciador acumula mais de 11 milhões de seguidores só no Instagram

    Influenciador acumula mais de 11 milhões de seguidores só no Instagram | Foto: Reprodução – Redes sociais
  • Mateus é original do bairro Trindade, em São Gonçalo

    Mateus é original do bairro Trindade, em São Gonçalo | Foto: Reprodução – Redes sociais
  • Família do influenciador vive em São Gonçalo

    Família do influenciador vive em São Gonçalo | Foto: Reprodução – Redes sociais

Tettrem trocou São Gonçalo por São Paulo, mas sem perder o vínculo com a cidade natal. Em dezembro de 2023, inclusive, o influencer foi homenageado pela cidade com o título de personalidade gonçalense. Em suas redes, ele aproveitou para se declarar ao berço de onde veio.

Lá continua sua família, e de lá ainda vêm parte das inspirações. Já em São Paulo, a nova fase inclui também uma agência, a Nood Mídia, voltada para criadores que enfrentam a mesma maratona de visibilidade com poucos recursos, mas muita entrega.

Atualmente, Tetrem alimenta a timeline de mais de 25 milhões de pessoas, somando todas as suas redes sociais. Além do gonçalense, estão na lista da Forbes Theo, Camilla de Lucas, Mari Maria, Gkay, Christian Figueiredo e Juliette.

Confira o bate-papo: 

Sendo de São Gonçalo, como sua vivência na cidade influencia seu olhar como criador? Isso aparece no conteúdo de alguma forma?

Com certeza influencia. São Gonçalo é meu país, como eu costumo brincar — mesmo sendo um município, carrego como se fosse uma nação. Lá, muita gente tem só 1% de oportunidade, seja na educação, no saneamento, em tudo. E isso, por mais duro que seja, forma pessoas que viram monstros na vida, no melhor sentido. Olha o Orochi, o Vinicius Jr., o Seu Jorge — todos saíram de lá e tão fazendo história. A real é que em SG a gente aprende a se virar, a não esperar o cenário perfeito pra começar. Essa vivência me moldou demais, me fez entender que dá pra construir com o que a gente tem. E muito do que eu sou hoje, vem de lá.

Como você recebeu a notícia de que faria parte da lista da Forbes? O que esse reconhecimento significa pra você, pessoal e profissionalmente? O que muda de agora em diante?

Cara, foi muito maneiro receber essa notícia! Pra mim tem um peso gigante, principalmente pela representatividade. É muito legal ver nosso trabalho sendo reconhecido, seja qual for a área. Eu vejo como uma medalha de honra mesmo — a gente rala muito pra entregar algo de verdade pra quem acompanha. Não que a Forbes seja o selo oficial de que você tá mandando bem, mas chega perto, sabe? É como se fosse a confirmação de que o que a gente faz com amor e dedicação tá chegando nas pessoas do jeito certo.

O que você acha que mais contribuiu para esse destaque? Tem algum conteúdo ou momento específico que você considera um divisor de águas na sua trajetória?

Acho que o que mais pesou foi o conjunto da obra mesmo. Não só os números, tipo views e alcance, mas o impacto real que os conteúdos têm na vida das pessoas. Muita gente se sente representada, e isso é o que mais me pega. Vídeos como ‘Estoure o balão de gays’, ‘Estoure o balão de lésbicas’, ‘Estoure o balão de pretos’ são exemplos de pautas que muita gente não tem coragem de tocar — e a gente foi lá e fez. Não teve um momento específico que virou a chave, sabe? Foi mais uma bola de neve: trabalho bem feito, com propósito, tudo pensado com carinho, planejamento e dedicação. No fim, os resultados são só consequência de estar fazendo o trabalho com verdade.

Você costuma usar o humor para tratar de temas cotidianos e sociais. Como faz pra equilibrar autenticidade e estratégia na criação de conteúdo?

Acho que o segredo tá em se conectar com todo mundo — da criança ao adulto. O humor é uma ponte poderosa, e mesmo que nem todo tema pareça ter espaço pra isso, dá pra usar o humor com sensibilidade e responsabilidade. A gente sempre tenta equilibrar isso com muito tato, trazendo leveza sem perder a mensagem. E tem também o lance do freestyle: muita coisa que a gente grava rola ali na hora, sem roteiro fechado. A gente tem uma base, claro, mas deixa rolar. Acho que essa espontaneidade ajuda muito a manter tudo autêntico e próximo de quem tá assistindo.

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