Funcionária ganha carro em sorteio, gasta R$ 10 mil e empresa o pega de volta após demissão

A auxiliar de contabilidade Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, ganhou um Jeep Compass em um sorteio promovido pela empresa onde trabalhava no bairro Gonzaga, em Santos. No entanto, teve que arcar com R$ 10 mil em manutenção, pois o carro apresentava defeitos. Posteriormente, ela foi demitida e a empresa tomou o veículo de volta. Agora, ela busca providências.

Diante da situação, Larissa disse que, junto com seus advogados, entrará com uma ação trabalhista contra a empresa, que afirmou ter retomado o veículo porque a ex-funcionária teria descumprido as regras do sorteio.

O caso ocorreu no último dia 10. Larissa fez um desabafo em suas redes sociais. Na publicação, feita na semana passada, ela relatou que está passando por uma situação muito grave com a empresa onde trabalhou e que está buscando por justiça e proteção.

“No fim de 2024, eu era funcionária da Quadri Contabilidade, que realizou um ‘sorteio’ exclusivo para os funcionários e, para minha sorte, fui a vencedora do prêmio: um Jeep Compass, anunciado como ‘valendo mais de R$ 100 mil’. O vídeo do sorteio foi divulgado nas redes sociais do dono da empresa, mas depois foi apagado devido à repercussão do caso. O problema começou quando recebi o carro: ele apresentava diversos defeitos mecânicos, o que me obrigou a gastar, inicialmente, cerca de R$ 10 mil para consertá-lo — algo que não havia sido combinado”.

Segundo ela, a empresa impôs “condições” para a manutenção do prêmio, como continuar trabalhando por mais um ano e atingir metas que incluíam organizar campanhas de doação em nome da companhia, utilizando recursos próprios ou por meio de doações que ela mesma deveria arrecadar. “Imagina ganhar algo e ter a obrigação de, todos os dias, se cobrar, se avaliar e gastar em nome de uma empresa para manter aquilo que você ganhou. Absurdo!”, desabafou em sua publicação.

Mesmo sob pressão, ela insistiu em negociar o reembolso dos custos não acordados, mas acabou sendo demitida. “E, para piorar, pegaram o carro sem a minha autorização, mesmo com o documento em processo de transferência para o meu nome. Juridicamente, tentei um acordo com a empresa, mas eles se recusam a resolver a situação. Por isso, decidi tornar o caso público — vou lutar pela minha honra e dignidade, que foram destruídas por causa disso”.

Os advogados que representam Larissa, Paulo Ferreira e Lenine Lacerda, informaram que ingressarão com uma ação trabalhista nesta semana. Eles esclareceram que o sorteio ocorreu em 13 de dezembro de 2024, o veículo foi entregue dez dias depois e retomado pela empresa em 10 de abril.

O carro é um modelo 2017 e, segundo os advogados, é sinistrado e está avaliado em cerca de R$ 88 mil na tabela Fipe. No entanto, a defesa afirma que o dono da empresa o anunciava como um prêmio de R$ 100 mil.

Posicionamento – A Quadri Contabilidade por meio de nota, em resposta às recentes divulgações e questionamentos sobre o caso, salientou que, “ao manifestar seu interesse em participar do sorteio promovido pela empresa, Larissa aderiu integralmente aos termos e condições estabelecidos no regulamento pertinente”.

“Tal regulamento previa requisitos claros para a efetiva transferência da titularidade do veículo, programada para 13 de dezembro de 2025. Entre tais requisitos, destacavam-se: manter vínculo empregatício com a Quadri Contabilidade por um período mínimo de 12 meses na data da transferência, atingir as metas trimestrais estabelecidas, as quais possuíam natureza simples e envolviam, em grande parte, ações de cunho beneficente, assumir a responsabilidade integral por todas as despesas inerentes ao veículo durante o período em que este permanecesse sob sua posse”, enfatizou a Quadri.

Segundo a empresa, após quatro meses da posse do veículo, Larissa comunicou a eles que o carro apresentava problemas mecânicos e que os custos de manutenção eram elevados, dificultando o cumprimento de suas obrigações financeiras. A Quadri Contabilidade informou que, “agindo de boa-fé, prontificou-se a investigar a situação reportada pela então funcionária”.

A empresa acrescentou que tomou ciência, “no decorrer da tratativa interna, de que Larissa estava utilizando o veículo para locação a terceiros, em flagrante desrespeito a uma das cláusulas expressas do regulamento do sorteio. Diante dessa constatação inequívoca de descumprimento das normas, a Sra. Larissa foi devidamente desclassificada, perdendo, consequentemente, o direito ao prêmio”.

De acordo com a Quadri, após ter ciência da locação do veículo, as partes concordaram que não havia mais ambiente para a continuidade da funcionária na empresa, “sendo que o desligamento de Larissa foi formalizado e todas as suas verbas rescisórias foram devidamente quitadas”.

“Lamentavelmente, após sua desclassificação, Larissa utilizou suas redes sociais para disseminar uma versão distorcida dos acontecimentos, mencionando o nome da Quadri Contabilidade e de seu sócio. Tal conduta culminou em uma série de comentários pejorativos e ofensivos nas plataformas digitais, direcionados tanto à empresa quanto ao seu sócio e respectivos familiares, causando-lhes significativo transtorno psicológico”, destacou a empresa.

Em um gesto de conciliação e com o intuito de mitigar os impactos negativos decorrentes da situação, a Quadri Contabilidade informou que buscou contato com o advogado da sorteada, propondo o pagamento integral do valor do veículo. Em contrapartida, a empresa solicitou apenas que a ex-funcionária publicasse, na mesma rede social, uma nota de esclarecimento com a veracidade dos fatos.

Contudo, segundo a Quadri, Larissa recusou-se a cooperar e não se dispôs a publicar a referida nota. A empresa afirmou que desconhece sobre qualquer ato ilícito que pudesse motivar a instauração de um boletim de ocorrência. A companha enfatizou que o veículo em questão jamais pertenceu Larissa, “constituindo-se um bem da empresa sorteado sob condições específicas, as quais não foram integralmente cumpridas pela ex-funcionária”.

Por fim, a Quadri Contabilidade lamentou profundamente a postura adotada pela ex-funcionária e os transtornos causados a seu sócio e familiares, reafirmando seu “compromisso inabalável com a transparência e a legalidade em todas as suas operações. A empresa deposita sua confiança na prevalência da verdade”.

 

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