Preso por lavagem de dinheiro, Collor tem patrimônio milionário

Na política desde 1979%, Collor vem de uma das famílias mais influentes de AlagoasReprodução/TJ-SP

Preso nesta sexta-feira (25) após ser condenado a mais de oito de reclusão anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Fernando Collor de Mello acumula um patrimônio milionário. A condenação foi resultado da Operação Lava-Jato, que apontou o recebimento de R$ 20 milhões em propina em troca de apoio político e nomeações estratégicas.

A prisão ocorreu menos de três anos após Collor tentar um novo cargo eletivo. Em 2022, ele se candidatou ao governo de Alagoas e terminou em terceiro lugar, com 14,71% dos votos válidos. Na ocasião, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de R$ 6,2 milhões. 

Uma vida na política 

Na política desde 1979, Collor vem de uma das famílias mais influentes de Alagoas.

Entre os bens declarados, estão uma mansão avaliada em R$ 4 milhões; duas lanchas, uma de R$ 38 mil e outra de R$ 8 mil; um jet kart de R$ 20,8 mil; e um veículo estimado em R$ 180 mil. Collor também afirmou ser proprietário de um apartamento no Rio de Janeiro avaliado em R$ 40 mil e de uma casa em Maceió cotada em pouco mais de R$ 30 mil. Participações em empresas e cotas de capital também compõem sua fortuna declarada.

Perda de patrimônio

Segundo dados disponíveis na plataforma do TSE, Collor teve uma redução do patrimônio oficialmente informado.

Em 2018, quando tentou concorrer ao cargo de governador de Alagoas, o político declarou R$ 20,6 milhões em bens, o que representa uma perda de mais de R$ 14,4 milhões em relação a 2022. 

Em 2028, Collor havia listado 11 veículos de luxo, entre eles uma BMW avaliada em R$ 943 mil, e outros dois carros cotados em R$ 497 mil e R$ 142 mil.

Além disso, informou possuir joias e créditos de empréstimos que somavam mais de R$ 4 milhões. Também constavam terrenos e dois apartamentos de R$ 2 milhões, que não apareceram na lista de bens de 2022.

Penhora de bens para pagar dívidas, incluindo trabalhistas, e leilão de veículos em decorrência da falta de pagamento de impostos podem ser algumas das explicações sobre a diminuição no valor declarado. Entretanto, não há uma justificativa oficial por parte de Collor sobre essa perda no patrimônio.

Collor se manteve na vida política até início de 2023, quando encerrou seu mandato como senador.

Lavagem de dinheiro

Collor foi condenado pelo STF a 8 anos em um processo relacionado ao esquema de desvios na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Segundo denúncia apresentada em 2015 pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ele recebeu mais de R$ 20 milhões em propina entre 2010 e 2014, por meio de contratos fraudulentos firmados com empresas privadas. 

Os valores ilícitos teriam sido repassados a Collor por meio de depósitos fracionados, compra de carros de luxo e movimentações bancárias atípicas. “A vantagem foi dada em troca de apoio político para indicação e manutenção de diretores da estatal”, informou o STF, sobre as bases da decisão.

Grande parte das provas utilizadas no processo que levou à condenação de mais de oito anos veio de depoimentos de colaboradores da Operação Lava Jato, entre eles o doleiro Alberto Youssef.

Em 2015, no auge das investigações da Lava Jato, a Polícia Federal apreendeu na residência de Collor em Brasília diversos carros de luxo durante a Operação Politeia. À época, o ex-senador criticou publicamente as buscas e questionou o que chamou de “pré-julgamento” por parte das autoridades.

A defesa do ex-senador vinha recorrendo da condenação, mas o ministro Alexandre de Moraes, do STF, considerou os recursos esgotados e determinou o início imediato do cumprimento da pena. A prisão foi realizada pela Polícia Federal com apoio da superintendência do órgão em Alagoas.

Após a detenção, Collor deve ser transferido para um presídio federal ainda nesta semana. Ele nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição política.

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