Cardeal da Amazônia chega ao Vaticano para participar de funeral do papa Francisco e do Conclave


Da Basílica de São Pedro, o religioso gravou uma mensagem em vídeo onde agradeceu o olhar de Francisco para a região amazônica. Cardeal da Amazônia chega ao Vaticano para despedida de Francisco e escolha do novo papa
O cardeal da Amazônia e arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner, chegou ao Vaticano nesta sexta-feira (25) para participar do funeral do papa Francisco e do Conclave – processo para escolher o novo pontífice. Da Basílica de São Pedro, o religioso gravou uma mensagem em vídeo onde agradeceu o olhar de Francisco para a região amazônica.
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O vídeo foi compartilhado pelas redes sociais da Arquidiocese de Manaus. Trajando a tradicional batina preta, com filetes e faixa vermelhos usadas pelos cardeais, Dom Leonardo Steiner afirmou que o papa Francisco trouxe a Amazônia e seus habitantes para o centro de discussões importantes.
“Estamos aqui na Basílica de São Pedro, no velório do Papa Francisco. Nós da Amazônia temos muito a agradecer ao papa Francisco por, de novo, trazer a Amazônia para a discussão, mas especialmente nos despertar para o cuidado com a Amazônia, não só com a região amazônica, mas com os povos que ali vivem, para as culturas. Por tudo isso somos muito gratos ao papa Francisco, por nos ter ajudado a repensar e ajudado a incentivar as comunidades a viverem sua fé nessa realidade da Amazônia. Muito obrigado papa Francisco”, disse o religioso.
O sentimento de gratidão e admiração ao primeiro pontífice latino-americano da história já havia sido expressado pelo cardeal. No dia da morte do líder da igreja católica, Steiner conversou com a imprensa e destacou o compromisso do papa Francisco com os mais pobres, sua atenção às periferias e sua postura acolhedora diante dos desafios contemporâneos da Igreja.
Dom Leonardo Steiner é um dos sete cardeais brasileiros com direito a voto na eleição. A escolha do sucessor de Francisco acontece após a morte do pontífice, ocorrida na última segunda-feira (21), às 2h35 (horário de Brasília). Francisco faleceu aos 88 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), seguido de falência cardíaca. Ele ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos.
Acompanhe cobertura em Tempo Real sobre a morte do papa
Quem é o Cardeal da Amazônia
Natural de Forquilhinha, no interior de Santa Catarina, Leonardo Ulrich Steiner nasceu em 6 de novembro de 1950. Ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1972 e foi ordenado sacerdote em 1978 por Dom Paulo Evaristo Arns. É mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, onde também obteve o doutorado.
Entre 1999 e 2003, atuou como secretário-geral da universidade. Ao retornar ao Brasil, foi vigário na Paróquia Bom Jesus, em Curitiba, e professor na Faculdade São Boaventura. Em 2005, tornou-se bispo da prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso e, em 2011, foi nomeado bispo auxiliar de Brasília, acumulando também o cargo de secretário-geral da CNBB até 2019.
Nomeado arcebispo de Manaus em 2019, foi criado cardeal em 2022 por indicação do papa Francisco, recebendo o título de “Cardeal da Amazônia”. Seu lema episcopal é Verbum caro factum est — “O Verbo se fez carne”.
Dom Leonardo Steiner, cardeal da Amazônia e arcebispo de Manaus.
Reuters
Como funciona o Conclave
Com a morte do papa Francisco, o Vaticano inicia oficialmente o processo de escolha do sucessor. O Conclave pode durar até 20 dias e só cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto. Dos oito cardeais brasileiros, sete poderão participar da eleição.
Cardeais brasileiros com direito a voto no Conclave:
Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus – 74 anos
Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil – 65 anos
Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB – 64 anos
Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo – 75 anos
Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro – 74 anos
Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília – 57 anos
João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília – 77 anos
O único cardeal brasileiro impedido de votar é Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, que tem 87 anos. Apesar disso, ele integra o Colégio dos Cardeais, que continuará atuando em assuntos urgentes da Igreja até a eleição do novo pontífice.
A palavra “conclave” vem do latim cum clavis, que significa “fechado à chave”. Durante esse período, os cardeais ficam reclusos no Vaticano, na chamada “zona do Conclave”, e fazem um juramento de absoluto sigilo. Não podem usar telefones, ler jornais nem manter contato com o exterior, medidas tomadas para garantir a imparcialidade do processo.
As votações ocorrem dentro da Capela Sistina. Para ser eleito, o futuro papa precisa obter dois terços dos votos. Até quatro votações podem ser feitas por dia: duas pela manhã e duas à tarde. Se após três dias ninguém for eleito, há uma pausa de 24 horas para oração. Caso persistam os impasses, novas pausas são permitidas a cada sete votações.
Se, após 34 votações, nenhum nome alcançar os votos necessários, os dois cardeais mais votados disputam uma espécie de “segundo turno”, ainda exigindo dois terços dos votos para a eleição.
Quando um cardeal é escolhido, a Igreja pergunta se ele aceita o cargo. Se concordar, escolhe um novo nome e é conduzido à “Sala das Lágrimas”, onde veste as roupas papais. Logo após, o novo papa é anunciado ao mundo da sacada da Basílica de São Pedro com a frase: “Habemus Papam” (“Temos um Papa”).
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