Atividade aquecida e fiscal pressionam juros no Brasil

Em entrevista ao programa BM&C News, o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, avaliou que o Banco Central tem enfrentado dificuldades para iniciar um ciclo de cortes de juros devido à combinação de atividade econômica aquecida e política fiscal expansionista. Segundo ele, mesmo sem dizer diretamente, a autoridade monetária já deu sinais de que poderia estar em um caminho diferente se o ambiente fiscal fosse mais favorável.

O Banco Central deixou claro que a política monetária está mais apertada justamente porque a política fiscal segue expansionista. Se o governo acelera de um lado, o BC precisa frear do outro”, explicou.

Alta dos gastos e medidas heterodoxas dificultam cenário

Cruz aponta que as recentes medidas adotadas pelo governo, como aumento de gastos e subsídios, têm efeito pró-cíclico e agravam a complexidade do trabalho do Banco Central. “Medidas mais heterodoxas ampliam a atividade econômica no curto prazo, mas tornam mais difícil o controle da inflação”, afirmou.

Segundo o estrategista, essa combinação entre expansão fiscal e inflação ainda acima da meta obriga o BC a manter a taxa de juros em patamares elevados, mesmo sob críticas do setor produtivo.

Dívida elevada é risco adicional para a política monetária

Outro ponto destacado por Cruz é o nível elevado da dívida pública brasileira, que hoje gira em torno de 85% do PIB, bem acima da média de países emergentes, que está abaixo de 65%. “O investidor externo olha para isso e questiona a sustentabilidade fiscal do país. E isso impacta diretamente o canal da política monetária”, alertou.

Segundo ele, enquanto o Brasil não apresentar sinais claros de que pretende buscar equilíbrio fiscal — seja por metas concretas ou resultado efetivo — o Banco Central terá que sustentar juros altos para ancorar expectativas.

Juros só devem cair com ajuste fiscal crível

Para Gustavo Cruz, a política monetária continuará em modo restritivo até que o governo sinalize, de forma crível, a intenção de retomar o equilíbrio das contas públicas. “Se o fiscal não cede, o monetário precisa compensar. Não há alternativa num país com inflação longe da meta e dívida elevada”, concluiu.

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