Google teria impedido Motorola de adotar Perplexity AI como assistente padrão

O Google, a Motorola e a Perplexity AI foram citados juntos em uma acusação de monopólio nesta semana, após a startup afirmar que a Motorola foi impedida de adotar a Perplexity AI como assistente padrão por conta de um contrato com o Google.

A declaração foi feita por Dmitry Shevelenko, diretor de negócios da Perplexity, durante audiência no processo antitruste movido pelo Departamento de Justiça dos EUA contra a Alphabet, dona do Google. Segundo ele, os acordos firmados pela big tech com fabricantes funcionam como “uma arma apontada para a cabeça”, forçando empresas a manterem o Google como padrão em seus dispositivos.

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Contrato bloqueou mudança do assistente padrão

De acordo com Shevelenko, a Motorola, que pertence à Lenovo, não conseguiu substituir o assistente padrão do Android pelo da Perplexity, mesmo com o interesse mútuo das partes. Isso teria ocorrido devido a obrigações contratuais impostas pelo Google, que proibiriam esse tipo de alteração.

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Como resultado, o aplicativo da Perplexity virá pré-instalado em futuros dispositivos da Motorola, mas não estará visível na tela inicial que aparece quando o celular é ligado pela primeira vez. A decisão reduz significativamente a visibilidade do app para usuários comuns.

Estratégia limitada por contratos com Google

Ainda segundo o executivo, a Perplexity tem enfrentado dificuldades para expandir sua presença no mercado mobile justamente por conta dessas limitações. Ele revelou que dedica cerca de 75% de seu tempo tentando estabelecer parcerias com fabricantes e operadoras, mas esbarra na impossibilidade de substituir o assistente nativo do Android, atualmente o Gemini, do próprio Google.

“É como escalar um brinquedo de playground”, comparou Shevelenko, referindo-se à complexidade de mudar o assistente-padrão. Mesmo com apoio técnico, ele estima que o processo leva entre 10 a 15 minutos.

Processo antitruste pressiona o Google

O depoimento foi prestado durante audiência que pode definir sanções contra o Google após o juiz Amit Mehta concluir, em 2023, que a empresa praticou monopólio ilegal no setor de buscas. O Departamento de Justiça solicita a proibição de pagamentos feitos pela empresa a fabricantes e operadoras para manter seu buscador como padrão em dispositivos.

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Essa medida também afetaria produtos de IA da empresa, como o Gemini, que se beneficiam do domínio do Google no setor de buscas e nos contratos de distribuição.

Shevelenko ressaltou que a maior parte das oportunidades atuais de parceria com fabricantes e operadoras só surgiu por conta da pressão exercida pelo processo judicial. Segundo ele, “é porque o Google está sob pressão que as empresas estão dispostas a ter certos diálogos que antes eram impossíveis”.

Parcerias futuras da Perplexity

Apesar dos obstáculos, a Perplexity já fechou ao menos um contrato para pré-instalar seu assistente de IA em dispositivos de uma fabricante não revelada e negocia com outra. Em paralelo, um executivo do Google afirmou que a Motorola incluirá o app da startup ainda este ano em seus aparelhos.

A Perplexity estaria negociando com a Samsung, sinalizando uma movimentação mais ampla da empresa no setor de mobilidade.

Com o avanço do processo antitruste, o mercado acompanha de perto as possíveis mudanças nas regras do jogo, que podem abrir espaço para novas alternativas em um ambiente até então dominado pelo Google.

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