Clinomania: quando o refúgio da cama vira sua prisão. Por Vanesa Bagio

Clinomania, o que é isso?

Esse termo, pouco conhecido fora do universo da saúde mental, descreve um comportamento cada vez mais frequente no consultório psicológico: o desejo excessivo e incontrolável de permanecer na cama, mesmo sem sono ou necessidade física de descanso.

Mais do que uma simples preguiça ou vontade de relaxar, a clinomania pode estar associada a condições emocionais mais profundas, relacionadas com a depressão, ansiedade, transtornos de estresse ou fadiga crônica. Na minha prática como psicóloga, percebo que muitas pessoas recorrem à cama como uma tentativa inconsciente de escapar da sobrecarga emocional, do medo de fracassar ou da pressão por produtividade constante.

Fique atento aos sinais de alerta, eles podem serem silenciosos:

  • Começara a sentir uma necessidade intensa de permanecer deitado(a) por longos períodos, mesmo sem sono;
  • A cama será um refúgio para evitar responsabilidades, interações sociais ou decisões;
  • Sentirá culpa ou frustração por não conseguir sair da cama, mas ainda assim repete esse comportamento;
  • Perceberá impacto negativo no trabalho, nos estudos ou nos relacionamentos;
  • O isolamento social virá sem perceber.

É importante diferenciar a clinomania do descanso saudável.

Deitar para recuperar energias após uma semana intensa ou para se reconectar consigo mesma faz parte do autocuidado. O problema começa quando o tempo na cama deixa de ser reparador e se transforma em isolamento, procrastinação e sofrimento.

Seguem algumas dicas essenciais que aplico com meus pacientes:

  1. Comece investigando o que a cama representa para você: Ela é um espaço de proteção? Uma fuga? Um lugar onde você se sente seguro por não precisar lidar com cobranças? Entender esse simbolismo ajuda a construir novos recursos de enfrentamento.
  2. Crie hábitos de transição entre cama e dia, como abrir a janela, lavar o rosto, colocar uma música leve ou tomar um banho pode funcionar como gatilhos positivos para sair do estado de inércia.
  3. Dê um passo por vez: em vez de pensar “preciso levantar e resolver tudo hoje”, pense: “o que eu posso fazer agora que me ajuda a sair da cama?”. Pequenas metas são mais realistas e reforçam a autoconfiança.
  4. Tenha acolhimento profissional: psicoterapia é um caminho seguro para investigar as causas emocionais da clinomania e desenvolver estratégias para enfrentá-la de forma amorosa e eficaz.
  5. Cuidado com a autocrítica: se cobrar demais só alimenta o ciclo da imobilidade. Gentileza interna é um fator chave para a mudança de comportamento.

A clinomania é, muitas vezes, um grito silencioso do corpo e da mente pedindo por ajuda, pausa e reconexão. Se você ou alguém próximo está passando por isso, saiba: não é fraqueza. É sinal de que algo precisa ser cuidado com carinho e responsabilidade.

Estou aqui para lembrar que sair da cama, em meio à dor emocional, é mais do que um simples gesto, é um ato de resistência psíquica. Em tempos de esgotamento, cada movimento rumo à vida é um grito silencioso de que ainda há força dentro de você..

Fique bem!

 

Siga @vanesabagio.psi para buscar mais informações e lembre-se: “Sua saúde mental importa tanto quanto qualquer outra área da sua vida.”

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