Pesquisa tem como foco a sustentabilidade e o ensino linguístico

A Unicamp renovou, em abril de 2025, um acordo de cooperação acadêmica com a Universidade de Educação Docente de Lucerna (Suíça) e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems). Nesta terça-feira (22), integrantes do projeto se reuniram no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) depois de confirmada a continuidade da parceria com a instituição europeia.

Conhecida como Linguistic and Global Citizenship – A Collaborative Online International Learning (Coil) Project in Swiss and Brazil Language Education, a iniciativa visa promover o intercâmbio acadêmico entre futuros professores e pesquisadores das instituições envolvidas, dando ênfase à formação docente sustentável. “O objetivo é a troca de experiências não só ligadas ao ensino de idiomas, mas também sobre como o conceito de sustentabilidade se aplica nessa área”, afirmou Cláudia Hilsdorf Rocha, docente do IEL e responsável executora do convênio.

O projeto deve desenvolver materiais didáticos que aliam educação linguística à noção de cidadania global, artigos de pesquisa conjuntos e, antes do fim do período de dois anos previstos para o acordo, um documentário etnográfico e um livro a respeito das atividades e da experiência. “Esse desfecho ressalta o caráter interdisciplinar e multimodal de nossas atividades, que envolvem o diálogo e o trabalho em equipe com estudantes de diversas áreas, não só das letras ou da linguística”, disse Rocha.

A professora Mónica Graciela Zoppi Fontana, diretora associada do IEL, sublinhou como projetos envolvendo ações de intercâmbio cultural são importantes para os alunos entrarem em contato com práticas e pontos de vista diferentes, complementando o aprendizado desenvolvido previamente na universidade. “A internacionalização é o principal aspecto da colaboração científica atual e, pela natureza da atividade docente de idiomas, também representa algo fundamental para a formação dos professores de idiomas”, salientou. A Unicamp participa, também com a Universidade de Educação Docente de Lucerna, do projeto colaborativo Educação em Línguas Socialmente e Emocionalmente Responsável (Soele), que ainda conta com a participação da Universidade de Oslo (Noruega) e da Universidade de Ciências Aplicadas da Noruega Interior.

Sustentabilidade e docência

O conceito de sustentabilidade aplicado ao universo da educação linguística figura como o aspecto mais importante da interação entre os participantes da parceria, segundo Edina Krompák, docente da instituição suíça e responsável pela coordenação do projeto. “A nossa primeira preocupação foi definir para os integrantes o que seria a sustentabilidade quando aplicada ao universo da educação linguística”, explicou. “O próximo passo é implementar esse conceito no cotidiano dos docentes, tanto aqui no Brasil como na Suíça”.

A iniciativa, que conta com nove estudantes – cinco suíços, três da Unicamp e um da Uems – e cinco docentes trabalhando juntos até o fim de 2026, prevê também o desenvolvimento de pesquisas voltadas à conscientização sobre os tópicos referentes à sustentabilidade dentro de contextos linguísticos específicos.

As coordenadoras do projeto na Suiça Edina Krompák (à esquerda) e Irene Althaus (à direita): noção de cidadania global
As coordenadoras do projeto na Suiça Edina Krompák (à esquerda) e Irene Althaus (à direita): noção de cidadania global

Embora os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas não contemplem especificamente os desafios da linguagem, Krompák acredita que os conhecimentos da área sejam basilares para o mundo alcançar essas metas em um futuro próximo. “A linguagem é uma ferramenta muito poderosa para que se salientem os temas mais tradicionais a respeito da sustentabilidade como, por exemplo, a diferença desse conceito nos âmbitos global e regional ou, talvez, a inserção de comunidades indígenas nos principais debates no mundo”, explicou. “Com isso em mente, a meta final desse projeto entre Brasil e Suíça é o desenvolvimento de uma noção de cidadania verdadeiramente global e que inclua paradigmas linguísticos.”

Para a professora Irene Althaus, docente responsável pelo projeto na instituição suíça ao lado de Krompák, a principal virtude da cooperação está na reunião, dentro de um âmbito acadêmico, de pessoas com diferentes trajetórias de aprendizagem e de vida. “O sentimento desde o primeiro encontro com os estudantes, que aconteceu agora em abril, foi de muito interesse, por parte dos participantes, em escutar os demais e trocar informações com os demais”, lembra. “Temos estudantes com os mais variados retrospectos, desde músicos que optaram pelo inglês como segunda língua até matemáticos e, claro, os especialistas em linguagem por parte da Unicamp.”

O professor Ruberval Maciel, da Uems: abrangência da noção de sustentabilidade
O professor Ruberval Maciel, da Uems: abrangência da noção de sustentabilidade

Já para o professor Ruberval Maciel, da Uems, a abrangência da noção de sustentabilidade afeta diretamente a vida universitária. “Esse conceito se aplica quando lidamos com a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] ou mesmo quando os cursos de pós-graduação em nossa área são avaliados”, disse. “Mas a linguagem também aparece na análise de tudo o que diz respeito à sustentabilidade no mundo, desde o esclarecimento sobre o que é sustentável até a identificação daquilo que se considera greenwashing [publicidade enganosa feita por empresas que fingem adotar medidas em prol da sustentabilidade].”

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