Caso Roberta Dias: namorado e sogra vão a júri popular nesta quarta-feira (23)

Os reús Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho” irão a júri popular sob acusação do homicídio de Roberta Dias, ocorrido em 2012. O julgamento ocorre nesta quarta-feira (23), a partir das 9h e deve durar até sexta-feira (25). O júri será conduzido pelo magistrado Lucas Dória, titular da 4ª Vara da Comarca de Penedo.

Roberta Costa Dias desapareceu em abril de 2012, quando tinha 18 anos. O motivo do crime seria a criança que ela estava esperando do filho de Mary Jane. Saullo, com quem Roberta teve um relacionamento, tinha 17 anos e a gravidez era indesejada por sua família. Ele e a mãe teriam atraído a vítima para uma rua nas proximidades do posto de saúde, onde a jovem tinha ido se consultar.

A ossada de Roberta Dias só foi encontrada nove anos depois do assassinato, na Praia do Pontal do Peba, na cidade de Piaçabuçu. Foi a mãe dela que, após saber que um crânio foi localizado naquela região, providenciou uma escavadeira para recolher os restos mortais da filha. Pouco depois, a polícia foi chamada e acionou a Perícia Oficial, que comprovou, após realização de exame, que se tratava, de fato, de Roberta Dias.

Julgamento

No primeiro dia do júri, 23, serão ouvidas as oito testemunhas de acusação arroladas pelo MPAL. Em seguida, dia 24, será a vez dos depoimentos das testemunhas de defesa e, na sequência, o interrogatório dos réus. Os debates entre o promotor Sitael Jones Lemos e os advogados de Karlo Bruno e Mary Jane ocorrerão no dia 25. Acusação e defesa terão, cada um, duas horas e meia e fala, com a possibilidade de irem à réplica e tréplica.

Os dois réus foram denunciados por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe (mãe e filho não aceitavam a gravidez e planejaram o assassinato), meio cruel (morte por asfixia) e sem chance de defesa à vítima, além de aborto provocado por terceiro, que ocorre quando há perda do feto provocada por outra pessoa, que não a genitora. Eles também respondem pelos crimes de ocultação de cadáver e corrupção de menores, uma vez que envolveram Saullo, o adolescente infrator, na trama.

O terceiro envolvido, Saullo não foi denunciado, pois era menor de idade, e foi representado na Vara da Infância e da Juventude.

Áudio de confissão

Um áudio confessando o crime voltou a circular na internet nesta semana foi divulgado em 2016 e periciado pela Polícia Federal no mesmo ano. No registro de voz, Karlo Bruno admite como matou Roberta e detalha a participação de Saullo no crime. 

“A gente foi lá né, aí pegamos uma enxada. Uma enxada do cabo até pequeno, assim, que cabe na mala. Uma enxada e uma pá. E a extensão de som, que já era né a arma. E eu já saí daquela casa, ele botou o carro, o golzinho de ré, ali, e eu já saí dali na mala”, diz Bruno em trecho do áudio. 

Confira na íntegra abaixo:

 

Tese do Ministério Público

“Os autos mostram que a Roberta foi atraída por Saullo, namorado dele à época, ao local do seu desaparecimento, nas proximidades do posto de saúde onde a vítima tinha ido para consulta de pré-natal, uma vez que estava no 3º mês de gestação. Ele estava em um veículo Gol, de cor preta, que escondia no porta-malas o outro criminoso, o Karlo, responsável por enforcar a Roberta com um fio. O assassinato foi premeditado e contou com a participação tanto de Mary Jane Araújo Santos, mãe de Saullo, quanto do próprio adolescente infrator, filho dela. Eles não aceitavam a gravidez e, diante da negativa da vítima em fazer um aborto, resolveram assassinar mãe e o feto”, argumentou o promotor Sitael Jones. 

Ainda conforme a ação penal proposta pelo MPAL, Mary Jane teria procurado Roberta nos dias anteriores à data do seu desaparecimento para convencê-la a provocar o aborto, o que foi descartado pela vítima.

 

 

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