Caso Roberta Dias: saiba a tese que o MPAL vai sustentar no júri popular

Homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, corrupção de menores e aborto provocado por terceiro tendo como vítima Roberta Costa Dias: estes são os crimes que levarão ao banco dos réus, no júri popular entre os dias 23 e 25 deste mês, Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho”, e Mary Jane Araújo Santos, ambos acusados das autorias material e intelectual do crime que vitimou a jovem que estava grávida de três meses.

Representando o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) no papel da acusação, estará o promotor de Justiça Sitael Jones Lemos, 4ª Promotoria de Justiça de Penedo, o mesmo autor da denúncia ajuizada em 2018. O júri acontecerá nessa mesma cidade, a partir das 9h da próxima quarta-feira.

Para Sitael Jones Lemos, a materialidade e a autoria dos crimes estão nas mais de 4,7 mil páginas que compõem o processo, tendo reunido todas as evidências e conjunto de provas necessários para levar a condenação dos dois denunciados.

“Os autos mostram que a Roberta foi atraída por Saullo, namorado dele à época, ao local do seu desaparecimento, nas proximidades do posto de saúde onde a vítima tinha ido para consulta de pré-natal, uma vez que estava no 3º mês de gestação. Ele estava em um veículo Gol, de cor preta, que escondia no porta-malas o outro criminoso, o Karlo, responsável por enforcar a Roberta com um fio. O assassinato foi premeditado e contou com a participação tanto de Mary Jane Araújo Santos, mãe de Saullo, quanto do próprio adolescente infrator, filho dela. Eles não aceitavam a gravidez e, diante da negativa da vítima em fazer um aborto, resolveram assassinar mãe e o feto”, argumentou o membro do Ministério Público.

Ainda conforme a ação penal proposta pelo MPAL, Mary Jane teria procurado Roberta nos dias anteriores à data do seu desaparecimento para convencê-la a provocar o aborto, o que foi descartado pela vítima.

Informada com a negativa, a mãe de Saullo decidira colocar o plano criminoso em prática, contratando Karlo Bruno para a autoria material. Roberta foi asfixiada com um fio de som automotivo, e Saullo estava na cena do homicídio.

“Assim, revoltada, ela contratou Karlo Bruno para executar o homicídio. Roberta foi asfixiada com um fio de som automotivo, na presença de Saullo de Thasso Araújo dos Santos – filho de Mary Jane – com quem manteve um relacionamento amoroso e de quem estava grávida de três meses”, detalha a ação penal.

A acusação do MPAL – Os dois réus foram denunciados por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe (mãe e filho não aceitavam a gravidez e planejaram o assassinato), meio cruel (morte por asfixia) e sem chance de defesa à vítima, além de aborto provocado por terceiro, que ocorre quando há perda do feto provocada por outra pessoa, que não a genitora. Eles também respondem pelos crimes de ocultação de cadáver e corrupção de menores, uma vez que envolveram Saullo, o adolescente infrator, na trama.

Como, à época do fato, Saullo era menor de idade, ele não foi denunciado, tendo sido representado na Vara da Infância e da Juventude.

17 testemunhas – O julgamento está marcado para ocorrer entre os dias 23 e 25 deste mês, no município Penedo, sempre a partir das 9h, no fórum da cidade.

No primeiro dia do júri, 23, serão ouvidas as oito testemunhas de acusação arroladas pelo MPAL. Em seguida, dia 24, será a vez dos depoimentos das testemunhas de defesa e, na sequência, o interrogatório dos réus. Os debates entre o promotor Sitael Jones Lemos e os advogados de Karlo Bruno e Mary Jane ocorrerão no dia 25. Acusação e defesa terão, cada um, duas horas e meia e fala, com a possibilidade de irem à réplica e tréplica.

O caso – Roberta Costa Dias desapareceu em abril de 2012, quando tinha 18 anos. O motivo do crime seria a criança que estava esperando do filho de Mary Jane. Saullo, com quem Roberta teve um relacionamento, tinha 17 anos e a gravidez era indesejada por sua família. Ele e a mãe teriam atraído a vítima para uma rua nas proximidades do posto de saúde, onde a jovem tinha ido se consultar.

A ossada de Roberta Dias só foi encontrada nove anos depois do assassinato, na Praia do Pontal do Peba, na cidade de Piaçabuçu. Foi a mãe dela que, após saber que um crânio foi localizado naquela região, providenciou uma escavadeira para recolher os restos mortais da filha. Pouco depois, a polícia foi chamada e acionou a Perícia Oficial, que comprovou, após realização de exame, que se tratava, de fato, de Roberta Dias.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.