Fabricantes de drones dos EUA dependem da China

A dependência dos EUA em relação à China na fabricação de drones levanta preocupações crescentes sobre segurança nacional, já que os fabricantes norte-americanos ainda precisam de componentes chineses para atender à demanda militar. Mesmo com incentivos do Pentágono e sanções contra empresas chinesas, a indústria dos EUA enfrenta enormes obstáculos técnicos, regulatórios e logísticos para reduzir essa dependência.

A China responde por cerca de 90% do mercado global de drones comerciais, segundo dados do Drone Industry Insights. O domínio é sustentado por décadas de investimentos estratégicos, cadeias produtivas eficientes e subsídios estatais, o que deixou os fabricantes dos EUA em desvantagem estrutural.

Peças críticas como baterias, controladores de voo, rádios e câmeras ainda são majoritariamente fabricadas por empresas chinesas. “Estamos quase completamente dependentes do nosso principal adversário para fabricar esses equipamentos“, afirmou Josh Steinman, ex-integrante do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

Reprodução/Rick Wilking/Reuters

Leia mais:

  • Sony revela mini sensor de profundidade LiDAR para drones
  • DJI lança módulos de autofalante e lanterna para drones empresariais
  • Câmera do DJI Mavic 4 Pro aparece girando em vídeo

Dependência exposta em eventos públicos

Em um episódio simbólico, o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, foi fotografado usando óculos de exibição Skyzone — de origem chinesa — durante um evento com fuzileiros navais em Quantico, na Virgínia. Embora não fossem equipamentos militares oficiais, o incidente revelou como até itens usados para demonstração são de fabricação chinesa.

Reprodução/Dronexl

Sanções e interrupções no fornecimento

A situação se agravou em outubro de 2024, quando a China impôs sanções à Skydio, maior fabricante de drones dos EUA, interrompendo o fornecimento de baterias da Dongguan Poweramp Technology Ltd. A empresa, que já captou mais de US$ 850 milhões em investimentos, passou a racionar baterias e afirmou que só conseguirá novos fornecedores a partir da primavera de 2025.

Outras fabricantes como Anduril, Shield AI e Neros também enfrentam dificuldades. Enquanto a Shield AI alega ser pouco afetada, a Neros admite entraves significativos. “Conseguir esses componentes ficou mais difícil”, disse Olaf Hichwa, diretor técnico da empresa. No entanto, ele reconhece que as sanções funcionam como um impulso para eliminar peças chinesas.

Burocracia do Pentágono é novo entrave

A unidade de inovação do Pentágono, conhecida como DIU (Defense Innovation Unit), mantém uma “lista azul” com drones aprovados para uso militar. Para entrar na lista, os modelos precisam estar livres de componentes chineses proibidos pela Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA).

Disputa EUA x China pode atrasar lançamento do DJI Mavic 4 Pro

O processo, no entanto, é lento e frustrante para o setor: apenas 23 de mais de 300 propostas foram aprovadas em 2025. Empresas como a Darkhive e a Brinc Drones tiveram seus projetos rejeitados sem explicações claras. “É mais fácil ser sancionado pela China do que ser aprovado na Blue List”, ironizou Andrew Cote, da Brinc.

DJI ainda domina o mercado global

Conteúdo Relacionado
Taurus drone armas no Brasil

Tá chegando!

Drones com armas começam a ser fabricados no Brasil

A DJI, empresa chinesa que detém 70% do mercado mundial de drones, continua sendo uma das principais concorrentes das empresas dos EUA. Apesar de esforços legislativos para proibir seus produtos, a companhia tem resistido com forte lobby e ações judiciais contra o Departamento de Defesa.

Drone DJI Inspire 3 é o primeiro do mundo com certificado 4K Originals da Netflix

Enquanto a DJI não for totalmente banida, não haverá mercado suficiente para sustentar uma base industrial americana”, explicou Nathan Ecelbarger, da Associação Nacional de Drones dos EUA.

Impactos diretos para pilotos e consumidores

De acordo com o site DroneXL, a escassez de peças chinesas e o aumento de tarifas podem gerar impactos diretos nos preços para pilotos profissionais e recreativos. A iniciativa do Pentágono conhecida como Replicator, que pretende entregar milhares de drones até agosto de 2025, só terá sucesso se conseguir eliminar entraves burocráticos e fortalecer a produção interna.

A corrida pela autonomia na produção de drones representa um desafio de longo prazo. No entanto, com a segurança nacional e a competitividade da indústria em jogo, especialistas consideram que o momento exige decisões ousadas e rápidas por parte do governo dos EUA.

Conteúdo Relacionado
Lava e seca com IA: Nova torre da Samsung que faz tudo sozinha!

Faz por você

Lava e seca com IA: Nova torre da Samsung que faz tudo sozinha!

Fonte: dronexl

Adicionar aos favoritos o Link permanente.