Parece IA, mas são só filipinos

A Nate, uma startup americana que dizia ter uma aplicação revolucionária de inteligência artificial para e-commerce, acabou na Justiça americana acusada de passar seus investidores para trás.

Isso porque, no lugar de IA, o que a empresa estava usando para entregar o serviço de pagamento com um só clique em qualquer e-commerce era um monte de funcionários terceirizados nas Filipinas, um dos pólos mundiais da indústria de call center.

Fundada em 2018, a startup levantou US$ 50 milhões de investidores, incluindo um peso pesado como a Coatue e dois fundos mais de nicho como a Forerunner Ventures e Renegade Partners.

Os fundos acreditaram na promessa da Nate de que a IA da empresa conseguia resolver a grande maioria das transações e que intervençao humana era usada só em exceções.

Segundo a acusação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no entanto, o grau de automação entregue pela Nate era na prática zero, e o trabalho todo era feito por centenas de funcionários filipinos. 

O assunto surgiu numa investigação do site americano The Information ainda em 2022. Provavelmente depois disso o dinheiro secou e o CEO, Albert Saniger, fechou o negócio, dando perda total para os fundos.

O problema é simples: apesar dos funcionários filipinos aparentemente resolverem o problema das compras online bem o suficiente para enganar os investidores, no médio prazo um negócio construído assim teria muita dificuldade para escalar.

Um detalhe picante: o CEO da empresa hoje trabalha em um fundo de investimento, esperemos que selecionado startups de IA.

Se for esse o caso, é um nicho promissor, porque o caso da Nate não é o único.

Sites especializados já descobriram também uma startup que dizia ter uma solução de IA para automatizar o atendimento em drive-through,  que também usava basicamente pessoas contratadas nas Filipinas, além  de um unicórnio da área legal, no qual pessoas de carne e osso também faziam muito do trabalho.

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