‘Lutar para que ninguém mais tenha que sentir isso’, diz filha de 11 anos de brasileira assassinada na Bolívia


Multidão se reuniu na Praça do Fórum, no município de Santana (AP) cidade natal da vítima, nesta terça-feira (8) em busca de justiça. Caso Jenife Silve: movimento em Santana reúne multidão para pedir Justiça
Uma manifestação que busca por justiça no caso da brasileira vítima de feminicídio na Bolívia, foi feita na Praça do Fórum, no município de Santana (AP), sua cidade natal, nesta terça-feira (8). Uma multidão se reuniu no local em memória da mulher assassinada.
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Familares de Jenife buscam que o caso seja esclarecido
Isadora Pereira/g1
Jenife foi morta por asfixia mecânica na última quarta-feira (2) e deixou dois filhos. Um deles é a Jade Yasmin, de apenas 11 anos. Ela disse ao g1 que a dor invade o coração sempre que lembra que a mãe era uma pessoa que transmitia uma enorme felicidade.
Dá uma tristeza, uma dor no coração, mas se Deus quiser vai dar tudo certo. Deus também vai ajudar e a pessoa que fez isso vai receber o que merece […] Eu tô aqui representando meu irmão também, só que ele não conseguiu falar porque ele passou mal […] Ela queria ver a gente superando e eu quero ficar feliz igual como ela era. A gente tem que fazer a manifestação, a gente tem que lutar para que ninguém mais tenha que sentir isso, para nenhuma mulher mais ter que passar por isso”, disse Jade.
Filha de Jenife, de 11 anos
Isadora Pereira/g1
Entre os manifestantes, familiares, autoridades representantes de entidades e pessoas que não conheciam Jenife compareceram em solidariedade ao caso de extrema violência ainda não solucionado.
População realizou ato em memória de Jenife
Isadora Pereira/g1
O que se sabe sobre brasileira assassinada na Bolívia
A prima de Jenife, Cirlane Fernandes, disse que a realidade está sendo uma luta diária. Ela esclareceu que muitas informações estão se desencontrando, o que acaba não deixando o caso esclarecido aos familiares em luto.
“A irmã mais nova da Jennifer, a Jessy e mais dois tios chegaram na Bolívia para fazer as investigações corretas, porque o que a gente sabe é que tem muitas informações desencontradas, então desde ontem a família está na Bolívia, está com o advogado. Nossa família tá enfrentando uma luta muito grande, não é fácil para os filhos saberem que a sua mãe foi assassinada. Todos os dias é uma luta psicológica, é uma luta por justiça, porque ela não vai mais voltar”, disse Cirlane.
Prima de Jenife busca por justiça no caso
Isadora Pereira/g1
Translado do corpo
Outra questão que preocupa os familiares é a transferência do corpo de Jenife, para o Amapá, além das despesas com o advogado e outras locomoções da família que luta pela justiça no exterior.
Para contribuir financeiramente, é possível realizar as doações através do Pix: 02914666217. Nas redes sociais, é utilizada a #JustiçaPorJenife.
Doações podem ser feitas pelo pix
Isadora Pereira/g1
Ações das autoridades brasileiras
O advogado Cícero Bordalo Jr., presidente da Comissão de Combate ao Feminicídio da Ordem dos Advogados do Brasil no Amapá (OAB-AP), que acompanha o caso, esteve presente no ato.
Comissão de Combate ao Feminicídio da OAB-AP acompanha caso de brasileira morta na Bolívia
No evento em Santana, Cícero contou que questionou pontos da investigação realizada até o momento através de uma videoconferência com autoridades brasileiras, incluindo um delegado da Polícia Federal especializado em crimes internacionais e o senador Randofe Rodrigues (PT), onde os seguintes pontos foram levantados:
Exame de Necropsia: O advogado questionou por que a polícia boliviana não realizou o exame de necrópsia na vítima. O que é fundamental para entender as circunstâncias da morte.
Análise de DNA: Ele também indagou sobre a ausência de análise de DNA em um preservativo encontrado no local do crime, que poderia identificar o usuário.
Influência Política: O advogado mencionou que a vítima tinha um relacionamento com uma pessoa adulta cujos pais são multimilionários suíços com influência política na Bolívia, no entanto o relacionamento tinha acabado antes de Jenife retornar para buscar o diploma.
“O delegado da Polícia Federal constatou que eu estava certo em minhas afirmativas. E logo após para completar […], contou. E na minha cabeça o que veio? Não é o menor de 16 anos, está faltando mais um comparsa. E se colocaram droga na bebida dela? Por que a Polícia Científica da Bolívia não fez esses exames nela?”, indagou Bordalo.
Família de Jenife se reuniu em manifestação
Isadora Pereira/g1
O advogado afirmou ter chegado a conclusões sobre o caso e decidiu viajar para Brasília para discutir o assunto pessoalmente com representantes da Comissão Internacional Interamericana de Direitos Humanos. Ele se comprometeu a fazer uma acusação gratuita, se necessário.
O senador Randolfe, disse que irá protocolar aprovação de requerimento para a designação de comissão externa, para ir até Santa Cruz de La Sierra.
“Para acompanhar primeiro a situação dos brasileiros residentes na Bolívia, segundo para junto as autoridades bolivianas informar a atenção e preocupação das autoridades do Brasil para o desenrolar das investigações, junto com isso estamos insistindo em um encontro com a embaixada boliviana para reportar pessoal e diretamente ao governo daquele país que queremos que seja feita a justiça por Jenife”, completou.
Manifestação movimentou população em Santana
Isadora Pereira/g1
Relembre o caso
Jenife Silva, de 37 anos, natural de Santana (AP) foi encontrada morta nesta com sinais de violência em seu apartamento na Zona Norte de Santa Cruz, na Bolívia.
Uma amiga da vítima informou que ela havia concluído o curso de medicina, e já estava morando no Amapá. No entanto, precisou retornar à Bolívia para buscar o diploma e colar grau. Jenife deixou dois filhos, um menino e uma menina.
Jenife Silva estava se formando em medicina
Reprodução/Redes sociais
As autoridades policiais da Bolívia alegaram que o corpo apresentava inúmeros sinais de violência, provocados por outra pessoa. De acordo com a investigação do Ministério Público da Bolívia, a causa foi asfixia mecânica, ou seja, Jenife foi estrangulada até a morte.
O principal suspeito do crime, um adolescente de 16 anos, se apresentou na delegacia na última quinta-feira (3). O caso segue em investigação.
Manifestação movimentou população em Santana
Isadora Pereira/g1
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