EUA e China ampliam tensão: analista alerta para volatilidade e pressão global

As novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses começam a vigorar já a partir de amanhã e já provocam uma onda de apreensão . Para o especialista em análise macro Fabio Fares, o impacto imediato da decisão é mais psicológico do que econômico — mas, ainda assim, não deve ser subestimado. “As tarifas representam uma escalada clara na guerra comercial. Para os EUA, o reflexo inicial é inflação na ponta, já que parte desses custos será repassada ao consumidor. Para a China, é uma combinação de queda nas exportações e desvalorização adicional do yuan como contrapeso“, avalia Fares.

O movimento do governo americano, ao endurecer a postura diante de Pequim, envia uma mensagem clara: os Estados Unidos querem reduzir sua dependência da China, custe o que custar. No Brasil e em outros emergentes, os efeitos podem ser significativos.

O real, como moeda emergente, tende a sofrer pressão com fuga para o dólar, e setores exportadores brasileiros podem ser afetados pela redução da demanda global.” destaca o analista. Mesmo que surjam algumas oportunidades pontuais para o país como alternativa à China em cadeias produtivas, Fares observa que este efeito é específico e difícil de quantificar no curto prazo.

China deve responder EUA com cautela

Sobre a possibilidade de resposta chinesa, Fabio Fares destaca que Pequim tende a adotar uma estratégia escalonada e seletiva. “Eles vão retaliar, sim, mas com timing calculado, mirando setores sensíveis dos EUA, sem comprometer suas próprias necessidades econômicas“, explica. Na visão do especialista, embora exista espaço para negociação, ele é limitado neste momento.

O governo Biden (e antes, Trump) percebe que endurecer com a China tem apoio interno. Não há incentivo político para retroceder. Por outro lado, a China enfrenta uma desaceleração no setor imobiliário e fuga de capitais, então precisa ser cautelosa“, pondera. Diante deste cenário, a perspectiva mais provável, segundo Fares, é a de um confronto persistente, mas controlado. Portanto, neste exato momento, a leitura mais provável, segundo Fares, é de um confronto persistente, mas não explosivo. Acordos amplos estão fora do radar no curto prazo. “O que teremos são movimentos táticos dos dois lados, com foco em pressão gradual.” completa.

Mercados em alerta: inflação, crescimento e aversão ao risco

Do ponto de vista das consequências concretas, Fares destaca que há risco de desaceleração econômica nas duas maiores economias do mundo, embora por razões distintas. “Nos Estados Unidos, o risco é a inflação nos setores impactados, o que pode forçar o Federal Reserve a manter os juros altos por mais tempo. Na China, a pressão vem da perda de espaço como exportador para os EUA pressiona o yuan, inibe o investimento externo e aprofunda a crise de confiança que já vinha se formando com a desaceleração interna.“, aponta.

Os reflexos imediatos já começam a aparecer no mercado financeiro global. A volatilidade aumenta, ações ligadas a comércio e tecnologia sofrem quedas, e o dólar se fortalece como porto seguro, o que como consequência, pressiona moedas emergentes.

Para o especialista, o investidor deve entender que o atual estágio da guerra comercial não é passageiro. “Este é um processo de fragmentação geoeconômica que vai se estender pelos próximos anos. Por isso, mais do que tentar prever cada movimento, o foco deve ser uma carteira global e diversificada, com exposição a moedas fortes e ativos reais“, recomenda.

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