Ibovespa vira para queda e dólar dispara após guerra comercial

Ibovespa sobe com negociações de paz e tensões comerciais

A terça-feira (8) foi mais um dia de fortes emoções para quem acompanha o mercado financeiro. O Ibovespa até começou animado, subindo 1,5% pela manhã e batendo os 127 mil pontos, impulsionado pela Petrobras e pelas bolsas internacionais em recuperação. Mas, como já virou rotina nos últimos pregões, o fôlego acabou rápido. A volatilidade pegou pesado e o índice virou para o vermelho à tarde, encerrando uma sequência que já vem preocupando investidores.

Segundo Matheus Lima, analista da Top Gain, o cenário segue travado pela insegurança global. “Se tem uma coisa que toda essa incerteza com a tarifa do Trump vai causar são dias muito similares com o de hoje”, alertou, durante participação no Flash News da BM&C News. Para ele, o sobe-e-desce visto hoje — e também nos últimos dias — deve se repetir por um bom tempo: “A gente vai ter grandes movimentações de alta e algum comentário de alguém ou do próprio presidente dos Estados Unidos vai fazer o mercado virar completamente.”

EUA e China seguem no centro das atenções, e o mercado oscila junto

Os investidores seguem de olho na escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. O chamado “tarifaço do Trump” segue sendo o gatilho principal da volatilidade. Como explicou Matheus, o Brasil também entrou na mira: “O Brasil foi taxado em 10% adicional do que já existia. Produtos como café, por exemplo, que tinham 9% de tarifa, agora foram para 19%.”

Esse cenário de incerteza trava o mercado, principalmente setores ligados a commodities. “Nosso agro tá sofrendo bastante, e não só o agro. As empresas de siderurgia, como a Vale, também”, completou o analista. De fato, a Vale (VALE3) fechou o dia em queda de 3,7%, pressionada pelo impacto das tarifas e pela fraqueza da economia chinesa, que reduz a demanda por minério.

A Petrobras (PETR4) também apanhou, com o petróleo Brent renovando mínimas de vários anos. “O petróleo estressou muito com toda essa situação”, comentou Matheus. Segundo ele, o estresse no preço da commodity impacta diretamente a operação da estatal: “O principal produto que a Petrobras negocia é o petróleo. Quando a cotação cai forte, como aconteceu, isso bate direto no resultado.”

Setor bancário segura as pontas e brilha no meio da tempestade

Nem tudo foi notícia ruim. O setor financeiro mostrou resiliência e ajudou a amortecer as perdas do Ibovespa. A Itaúsa, por exemplo, recebeu um reforço de peso: a BlackRock ampliou sua participação para 5,07%, agora com 361 milhões de ações da holding.

Matheus Lima não escondeu seu entusiasmo: “O setor financeiro, para mim, é o mais próximo da segurança que a gente tem no mercado de ações. Itaúsa é a queridinha dos grandes investidores de longo prazo. A galera gosta de uma renda recorrente com dividendos.”

Ele também destacou o desempenho do Banco do Brasil, que mesmo em meio ao estresse global acumulou valorização de mais de 20% desde o início do ano. “O setor financeiro está servindo como um grande contrapeso para segurar as perdas do Ibovespa”, analisou.

Dólar em alta e commodities pressionadas

O dólar comercial, que chegou a abrir em queda, virou e disparou 1,31%, alcançando R$ 5,98. A busca por proteção diante das incertezas do cenário global levou a moeda norte-americana a subir com força.

Enquanto isso, o ouro voltou aos holofotes como ativo de proteção, superando os US$ 3.000 por onça, reflexo claro do movimento de aversão ao risco.

Dica do especialista: não entre em pânico

Para quem está preocupado com a volatilidade, Matheus Lima deixou um recado importante: calma e estratégia são as palavras de ordem. “Se você estiver negociando papéis de empresas robustas, setores consolidados, não deve arrancar os cabelos por causa dessa queda”, recomendou.

Ele destacou que este pode ser um bom momento para buscar oportunidades: “Se você tiver um pouco de margem para negociar, esse é um momento para comprar barato ações de boas empresas.”

Mas com um alerta: o mercado deve continuar sensível nas próximas semanas. “Não espere no curto prazo um mercado muito racional. O que a gente vai continuar vendo, acredito que por algumas semanas, vai ser um mercado que vai reagir de forma muito sensível.”

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