Gartner: empresas terão “políticas antidigitais”

O uso crescente de tecnologia terá como efeito a criação de 1 bilhão de “viciados digitais”, com problemas de ansiedade e depressão, além de baixa produtividade no trabalho.

Além disso, a imersão digital afetará negativamente as habilidades sociais, especialmente entre as gerações mais jovens, que são mais suscetíveis a essas tendências.  

Pelo menos, é o que prevê o Gartner, para quem as empresas deverão reagir ao problema, de tal forma que até 2028 a grande maioria delas (70%) deverão ter implementado “políticas antidigitais”. 

E o que são “políticas antidigitais”? O Gartner fala em “períodos de desintoxicação digital”, o que poderia também ser entendido como “parar de trabalhar um pouco”, com medidas como proibir a comunicação fora do horário de trabalho e pausas para o almoço longe da mesa de trabalho.

Outras coisas vão além do mero bom senso e envolvem alterações em rotinas, o que o Gartner chama, no seu idioma particular, de “reintroduzir ferramentas e técnicas analógicas obrigatórias”, como reuniões sem tela, sextas-feiras sem e-mails.

Talvez isso tudo seja mais fácil no futuro porque as empresas vão usar inteligência artificial para gerar “personas” dos funcionários, capazes de fazerem parte das suas tarefas, enquanto eles almoçam. 

Segundo o Gartner, 70% dos contratos de trabalho de um futuro próximo (2027) vão incluir cláusulas de licenciamento por parte dos funcionários para permitir que as empresas criem representações de IA das personas dos funcionários”.

Traduzindo, os empregadores vão poder criar perfis digitais dos funcionários com o uso de inteligência artificial, inclusive depois de você ser demitido, uma vez que o conteúdo está em um modelo de linguagem. 

Essa é uma das previsões mais chamativas de um estudo recente do Gartner sobre como a inteligência artificial generativa vai impactar no mercado de trabalho do futuro. 

Para quem acha que o Gartner está viajando na maionese (uma avaliação que às vezes pode ser justa), vale lembrar que já existem no Brasil empresas que criar esse tipo de “personas”. 

(Aqui um caso prático de aplicação, na qual a apresentadora Renata Fan foi “multiplicada” pela Siemens para uma campanha publicitária).

Se os funcionários vão estar satisfeitos com tudo isso? Provavelmente, as empresas vão saber, porque, de acordo com as previsões do Gartner, 40% das grandes empresas utilizarão IA para manipular e medir o humor e os comportamentos dos funcionários até 2028. 

A IA tem a capacidade de realizar análises de sentimento sobre interações e comunicações no ambiente de trabalho, aponta o Gartner, destacando que elas podem ser usadas para “garantir que o sentimento geral da equipe esteja alinhado com os comportamentos desejados”, o que permitirá uma força de trabalho “motivada e engajada”. 

O relatório contém outras previsões interessantes, mas nas quais o Gartner arriscou menos, ou foi menos involuntariamente distópico. 

Uma delas é que até 2026, 20% das empresas irão usar a IA para nivelar sua estrutura organizacional, eliminando mais da metade dos cargos atuais de gerência intermediária. 

É um pouco o que já está sendo visto em grandes empresas como a Amazon, que declarou guerra aos gerentes, ainda que sem fazer o link direto com a introdução de tecnologias de IA. 

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